De acordo com o jornal "The Jerusalem Post", o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático", ao comentar a decisão brasileira de chamar o embaixador para consultas por conta da escalada de violência na Faixa de Gaza. Nos últimos 16 dias, pelo menos 644 palestinos e 31 israelenses, entre estes 29 soldados, que morreram na ofensiva de Israel contra o grupo islâmico Hamas.
O porta-voz, segundo a publicação, disse que a atitude do governo brasileiro é "uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático".
"Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU e temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles". Mas não contestamos o direito de Israel de se defender, jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas", disse Figueiredo durante um evento em São Paulo registrado pela rádio CBN.
Em entrevista à TV Globo, o chefe do Itamaraty disse que o Brasil reconhece o direito de defesa de Israel, mas que as ações militares na Faixa de Gaza devem ser feitas com "proporcionalidade". O ministro criticou mortes de crianças e civis e as classificou como "inaceitáveis".
Nesta quarta (22), o Brasil chamou o embaixador em Tel Aviv "para consultas", medida diplomática tomada quando o governo quer demonstrar o descontentamento e avalia que a situação no outro país é de extrema gravidade.
Em resposta à atitude do governo brasileiro, o governo de Israel publicou nota oficial (veja íntegra ao final deste texto) em que afirma que a decisão brasileira “não reflete o nível de relação entre os países e ignora o direito de Israel defender-se”.
Na entrevista, questionado sobre a nota israelense, Figueiredo disse que o Brasil reconhece o direito de defesa de Israel, mas critica a "desproporcionalidade" da ação militar. O ministro afirmou que o Brasil condena também as ações de violência do Hamas, grupo palestino envolvido no conflito.
"O Brasil, desde o início, condenou tanto o lançamento de foguetes pelo Hamas, e nós fomos abundantemente claros com relação a isso, como condenamos tambem a reação de Israel. Nós não contestamos o direito de defesa que Israel tem. É um direito que ele tem. Nós contestamos a desproporcionalidade entre uma coisa e outra. Morreram cerca de 700 pessoas na Faixa de Gaza, a grande maioria delas civis e um número também bastante alto de mulheres e crianças. Isso não é aceitável e é contra isso que nós nos manifestamos", afirmou o ministro.
Na entrevista desta quinta, Figueiredo afirmou que Brasil e Israel são países amigos, mas que "amigos também podem discordar".
Sobre chamar o embaixador para consultas, Figueiredo disse que se trata de um procedimento normal e que não sabe quantos dias o diplomata vai ficar no país.
"O embaixador do Brasil em Israel está sendo chamado, isso é um procedimento normal, que diplomaticamente mostra a nossa inconformidade com os fatos. Quando ele chegar, eu terei conversas com ele, buscarei mais informações sobre o que ocorre em campo. E a nossa esperança real é que haja um cessar-fogo imediato e que se negocie a paz na região. Israel e Palestina têm o direito de conviver em paz como paises soberanos. E é isso que nos queremos", disse o ministro.
Israel manifesta o seu desapontamento com a decisão do governo do Brasil de retirar seu Embaixador para consultas. Esta decisão não reflete o nível das relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Tais medidas não contribuem para promover a calma e estabilidade na região. Em vez disso, elas fornecem suporte ao terrorismo, e, naturalmente, afetam a capacidade do Brasil de exercer influência.
Israel espera o apoio de seus amigos na luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países ao redor do mundo.
G1