“A investigação acontece há mais de um ano, mas sabemos que o ex-funcionário do Detran praticava os atos ilícitos e não agia só”, afirmou a delegada que preside as investigações, Alexandra Fachone.
Segundo ela, o ex-servidor Marco Antonio de Souza Queiroz era contratado e trabalhou por dois anos no Detran como gerente de licença para direção veicular, tendo sido exonerado em fevereiro desse ano (ao final do contrato). Durante o período em que Marco Antonio esteve no departamento, estima-se que 20% do total de CNH´s confeccionadas foram fraudadas em alguma prova ou na totalidade.
A delegada informou que as investigações em torno deste servidor, partiram do momento em que foi observado que os bens de Marco Antonio eram incompatíveis com sua renda: R$ 1,5 mil ao mês. Entre os itens que chamaram a atenção estavam um apartamento adqurido por meio de uma construtora de renome, um veículo novo, além de ele e a família terem realizado diversas viagens com a família. Tudo isso, num intervalo de apenas dois anos.
O acusado ainda abriu duas auto escolas, sendo uma em Cuiabá, denominada Mônaco, que ainda não está em funcionamento e outra já em franca atuação, no município de Jangada e que não teve o nome divulgado pela delegada.
O outro acusado que continua preso é um agente de pátio, que segundo as investigações, facilitava a prova prática dos condutores. O homem que não teve o nome divulgado é servidor de carreira do Detran.
Já o delegado Carlos Cunha, contou que o valor cobrado – estimado entre R$ 800 e R$ 3.000 – dependiam do perfil de quem comprava a CNH, pois algumas pessoas reprovavam em apenas uma fase e pagavam para obter a carteira sem precisar refaze-la, enquanto outras pagavam para receber a carteira sem fazer qualquer teste.
“Um individuo analfabeto passou em todas as provas (práticas, teóricas e exame médico) e recebeu a carteira, isso comprova o envolvimento e conivência de outras pessoas e setores. Ao menos mais cinco servidores são investigados. É preciso expurgar esses indivíduos da instituição”, afirmou o delegado fazendário.
Enquanto o corregedor setorial do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran/MT), Silvio Rezende disse que serão instauradas sindicâncias para as auto escolas e procedimentos administrativos para os servidores envolvidos. O departamento ainda tentará identificar as carteiras emitidas de forma fraudulenta.
Presos e foragidos – Foram expedidos onze mandatos prisão, nove foram cumpridos e em dois casos os suspeitos estão foragidos, eles são proprietários de autoescolas. Dos presos, dois eram instrutores, três compraram a carteira de habilitação, um era o ex-servidor e outro um servidor.
Os dois últimos continuam presos, os demais foram soltos por colaborar com a investigação. Foram cumpridos nove mandatos prisão, busca e apreensão nas moradias dessas pessoas, e em mais cinco em auto escolas.
Duas pessoas tiveram a carteira de habilitação apreendida durante a investigação após a confirmação da origem ilícita.