As investigações iniciadas pela Polícia Civil sobre a morte J.C.O.A. começaram no início de maio, após evidências apontarem divergências nas informações que tratam da hora e dos motivos que ocasionaram a morte do menor, no dia 24 de abril. O menor estava internado no Lar da Criança, instituição mantida pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas). As divergências aparecem entre o laudo médico do Pronto-Socorro (PS), a certidão de óbito e depoimentos da direção da instituição.
De acordo com o atestado médico, a criança deu entrada no PS à 1h45 do dia 24 de abril, já em estado de óbito, pois não apresentava sinais vitais, estava gelada e com a pele arroxeada. Além disso, a médica que diagnosticou o falecimento da criança informou que o horário exato do óbito é desconhecido e que nem mesmo a acompanhante do menor soube informar quando ele começou a apresentar evidências de falecimento.
Contudo, a certidão de óbito do menor reconhecida em cartório e assinada por um segundo médico apresenta informações diferentes do laudo emitido pelo PS. A primeira divergência aparece quando a certidão aponta o horário da morte como sendo às 3h15 do dia 24 de abril, quando o laudo indica que a criança já chegou morta no PS à 1h45. E mesmo sem ter realizado a necropsia, o laudo informa que as causas da morte são insuficiência respiratória, encefalopatia crônica progressiva, kernicterus [pequena lesão cerebral], surdez e refluxo gastroesofágico.
De acordo com o delegado Eduardo Botelho, os funcionários do Lar continuam negando que a criança morreu lá dentro, enquanto a primeira médica que atendeu o menino confirmou em depoimento que a criança chegou morta ao Pronto Socorro. “Dessa maneira, apenas com o resultado da necropsia para saber o que aconteceu”, afirma o delegado.