Roger nasceu de Reinaldo Rocha e Maria do Carmo, do Brasil, na região de Barcelona. Foi em um fatídico dia seis de junho de 2006 que ele veio ao Mundo. Isso mesmo: 06/06/06. A mãe havia sofrido um aborto traumático na gravidez anterior, e quase perdeu Roger aos 4 meses de gestação.
– Tive de passar os nove meses na cama, e sem saber se ele conseguiria sobreviver. Ele estar aqui é um milagre. Por isso, tudo o que quero ver é ele feliz – e, segundo Maria do Carmo, não há nada que deixe o filho mais alegre do que jogar bola.
Meio catalão e meio brasileiro, Roger tem o coração dividido no futebol. De Barcelona, tem acompanhado Neymar, e tem até discurso pronto sobre o atacante: "Será um grande jogar no futuro". Ele acha que o atual camisa 10 da seleção tem potencial para ser tão grande como Ronaldinho e Pelé, seus principais ídolos. Como todo bom garoto de oito anos, possui um time do coração também.
– Corintiano eu sou! – responde cantado quando perguntado sobre qual é esse time.
A paixão pelo Timão ele puxou do pai, Reinaldo Rocha. Aos 45 anos, ele é razão para a família estar na Espanha, e joga profissionalmente até hoje, como volante, em um clube da região de Tarragona. Reinaldo é de São Paulo, vem de família de corintianos, e costuma assistir com seu filho a todos os jogos do clube.
– Está no sangue. Eu tento explicar para ele o que é Corinthians. Nós dois temos o sonho de que um dia ele possa jogar lá.
Não é só sobre o Corinthians que o pai dá aulas. A experiência como jogador já o mostrou histórias felizes e tristes no futebol, e o árduo caminho para o sucesso com a bola. Há três anos ele treina Roger diariamente, ensinando truques dentro do campo e fora dele. Foi no final do campeonato local de Tarragona deste ano que a família de Roger decidiu que é hora de se aventurar. O pequeno prodígio da cidade foi o artilheiro da competição pela terceira vez consecutiva.
Com a ajuda do amigo e empresário de futebol Hércules Sena, Roger começou a fazer testes em clubes menores de Barcelona. Na tarde em que o GloboEsporte.com acompanhou o "mini-Ronaldinho", ele atuou pelo Carmelo, um time em plena execução de novo projeto de investimento nas categorias de base. Demonstrando personalidade extrema, Roger foi um dos destaques da atividade, mas sem entrosamento com os companheiros, e fora de sua posição não conseguiu marcar nenhum gol. O menino ficou um pouco abalado, como quem, mesmo tão novo, se cobra muito.
– Nós estamos fazendo um projeto para ele com muita calma. O Roger ainda é uma criança, precisa desenvolver primeiro sua inteligência, a parte familiar, porque não sabemos se será ou não um jogador de futebol. Mas pelo que eu já vi ele fazendo com a bola, tem talento para ser – disse o empresário, que já chegou a jogar nas categorias de base do Corinthians.
Por enquanto, a família alimenta o sonho do menino de fazer como seu ídolo, e encantar o povo de Barcelona com seu futebol. A semelhança com o craque só o ajudará se for transformada em bola, mas até lá, ainda aos oito anos de idade, Roger tem um longo caminho para seguir alcançar seu sonho. O que também não parece impossível para um garoto com tanta atitude, guerreiro desde a barriga da mãe.
Globo Esporte
