Através de empresas privadas que cedem vigilantes civis, que atuam desarmados, chamados stewards. Este é o padrão internacional para eventos esportivos. A decisão de reforçar a segurança do jogo do Brasil ocorreu em uma reunião no último domingo (15) entre os ministérios da Justiça, Defesa e a Fifa. Naquele dia, torcedores tentaram invadir o Maracanã, no Rio de Janeiro, durante Argentina x Bósnia, e 11 argentinos foram detidos após pularem o muro e as catracas do estádio, sem ingresso para o jogo.
Nesta quarta-feira (18), o centro de imprensa do Maracanã foi invadido por torcedores chilenos sem ingressos antes da partida entre Espanha e Chile. O grupo tinha 100 torcedores. 25 foram detidos, e os demais subiram à arquibancada.
Segundo o Ministério da Justiça, a Fifa informou ao governo na reunião que o número de seguranças internos seria insuficiente diante da quantidade de pessoas que estariam na Arena Castelão para o jogo da seleção brasileira e que precisaria de uma ajuda para garantir a segurança dos torcedores.
"Houve um número desproporcional de agentes de segurança para a torcida e atuamos como um reforço na segurança, para garantir a segurança interna", informou a assessoria do ministério.
Antes da confusão ocorrida no Maracanã na quarta, o Ministério da Justiça afirmou que não há informações sobre se o reforço vai se repetir em outros casos e dependerá de análise da Fifa.
O Comitê Organizador Local (COL) da Fifa confirmou a reunião e disse que a decisão do reforço foi tomada em conjunto devido à dimensão da partida para ajustar uma "aproximação da segurança pública no perímetro do estádio em Fortaleza", além dos detectores de metais. Em nota (veja abaixo), o órgão diz que o conceito padrão do Mundial, com a atuação da segurança pública do lado de fora das arenas, permanece inalterado.
Não foi divulgado quantos policiais estaduais, federais e da Força Nacional atuaram no estádio. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na terça-feira, em Fortaleza, que o governo estava suprindo deficiências da Fifa nos estádios. "Há um número insuficiente de vigias e nós passamos a assumir, então, parte da segurança. Vamos suprir esta deficiência", disse ele, segundo divulgou o jornal "O Estado de S. Paulo". A assessoria do ministério diz que ele se referia ao jogo da seleção e não a todos os jogos da Copa.
Torcedores cariocas relataram ter dado R$ 1.500 a um funcionário para entrar no Castelão. O mesmo grupo ainda quase provocou uma briga com mexicanos no fim do jogo.
Empresa diz que levou o contratado
A empresa Gassa Vigilância, contratada pela Fifa para a segurança da Arena Castelão, disse que levou para o jogo todo o efetivo previsto no contrato – 430 vigilantes. Representante da empresa ouvido pelo G1 diz que desconhecia qualquer pedido de reforço do COL.
"O contrato com a Gassa é de 430 vigilantes. A outra parte é de outras empresas que prestaram serviços sublocadas e que levaram mais 400 agentes ao estádio. Todos os postos indicados pela Fifa foram assumidos, a polícia que estava dentro do estádio era da pronta-resposta. Eles ficaram na área deles e nós na nossa", afirmou ao G1 o diretor da Gassa, Francisco das Chagas de Castro Neto. "Não houve ocorrência, saiu tudo bem e como o planejado. Não me informaram nada de reforço".
Ao todo, 120 policiais militares estavam na Arena Castelão durante o jogo, para o caso de necessidade e de pronta-resposta, informa o major Jesus Andrade Mendonça, assessor de imprensa da PM do Ceará.
Segundo Mendonça, os PMs não atuaram especificamente como stewards, mas intervieram junto aos torcedores em dois momentos: 1) quando stewards não conseguiram retirar faixas de pessoas sobre propagandas da Fifa; e 2) na saída do público, após o fim da partida, nos bolsões e corredores, orientando torcedores em direção ao transporte público.
Veja a nota da Fifa:
"O COL, a FIFA e os Ministérios da Justiça e da Defesa ajustaram para a partida Brasil x México uma aproximação da segurança pública no perímetro do estádio em Fortaleza, além da presença nos detectores de metais. Essa decisão foi tomada no último domingo (15/6) em conjunto devido à dimensão da partida.
O conceito de segurança do programa estabelecido para a Copa do Mundo da FIFA, com a segurança pública atuando do lado externo e a segurança privada na parte interna, com a segurança pública posicionada em pontos estratégicos de pronta-resposta dentro do estádio, permanece inalterada."
G1