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Alcolumbre reage a Gilmar, cobra respeito e diz que só Congresso pode rever impeachment

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), cobrou nesta quarta-feira, 3, “reciprocidade efetiva” do Supremo Tribunal Federal para com a Casa Alta do Congresso, assim como “genuíno, inequívoco e permanente respeito do Judiciário ao Poder Legislativo, suas prerrogativas constitucionais e a legitimidade das nossas decisões”. A cobrança se deu quando o parlamentar criticava a decisão monocrática do decano da Suprema Corte Gilmar Mendes sobre o processo de impeachment dos ministros do STF.

Em pronunciamento no plenário, Alcolumbre sustentou que a decisão de Gilmar “vai de encontro” ao que está previsto na lei do impeachment, que “assegura a qualquer cidadão o direito de propor um processo por crime de responsabilidade”.

Mais cedo, o ministro Gilmar Mendes concedeu uma medida liminar que altera o rito e torna mais difícil o impeachment de ministros do STF. Com o despacho, o decano se antecipou ao julgamento das ações movidas pelo Solidariedade e pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) que serão analisadas no plenário virtual da Corte a partir da próxima sexta-feira, 12.

Na liminar, Gilmar retirou de “todo cidadão” o direito de denunciar um crime de responsabilidade contra um ministro do STF. Segundo a decisão, a denúncia caberá somente à Procuradoria-Geral da República (PGR). Além disso, o quórum para o afastamento de um ministro foi alterado para dois terços do Senado – 54 dos 81. Até então, o processo de impedimento de um juiz do STF podia ser aberto por maioria simples dos senadores – 41 dos 81.

“Essa foi uma escolha do legislador e, independentemente de concordarmos ou não com ela, precisa ser respeitada. Eventuais abusos no uso desse direito não podem levar à anulação desse comando legal, muito menos por meio de uma decisão judicial. Somente uma alteração legislativa seria capaz de rever os conceitos puramente legais, sob pena de grave ofensa constitucional à separação dos Poderes”, anotou.

Nesse sentido, o presidente do Senado lembrou que um projeto de lei tramita na Casa com a previsão de um “novo marco legal de crimes de responsabilidade no Brasil”. De autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD), a proposta está na Comissão de Constituição e Justiça.

Alcolumbre disse que sua fala se trata de uma “manifestação para defesa do Poder Legislativo”, em resposta a questionamentos de senadores que ficaram “indignados e perplexos com decisão monocrática tentando usurpar prerrogativas do Legislativo”.

O senador ainda usou o episódio para defender, mais uma vez, uma alteração do regime das decisões monocráticas. “Não é, no mínimo, razoável que uma lei votada em duas Casas Legislativas e sancionadas pelo presidente da República seja revista pela decisão de um único ministro do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, deve ser exigível a decisão colegiada da Corte, instância única e última para se declarar a constitucionalidade ou não de uma lei vigente”, enfatizou.

O presidente do Senado diz que o Congresso está “atento e tomando as providências para que o aprimoramento legislativo aconteça, sabedor de que o exercício do seu direito de decidir ou de não decidir está amparado na vontade do povo que elege os seus membros”.

“Igualmente relevante é reconhecer que as prerrogativas do Poder Legislativo são conquistas históricas e fundamentais para a sociedade, e que eventual frustração desses direitos sempre merecerá pronta afirmação aqui no Senado Federal, instância legítima de defesa dessas garantias, se preciso for, inclusive com a sua positivação na nossa Constituição Federal através do seu emendamento”, disse.

Alcolumbre afirmou ainda que, como presidente do Congresso, não hesitará em “defender todas as prerrogativas estabelecidas” na Constituição.

Estadão Conteudo

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