A proporção de idosos trabalhando atingiu patamar recorde em 2024. O nível de ocupação de pessoas com 60 anos ou mais subiu a 24,4%, ante 23,0% em 2023. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 3.
A taxa de desemprego nessa faixa etária recuou de 3,5% em 2023 para 2,9% em 2024.
“O aumento da expectativa de vida e as mudanças ocorridas nos arranjos familiares nos últimos anos somados à alta informalidade no mercado de trabalho brasileiro e à reforma ocorrida em 2019 no Sistema de Previdência Social são fatores que tendem a levar à permanência das pessoas no mercado de trabalho por mais tempo”, justificou o IBGE.
O Brasil tinha 34,1 milhões de idosos em 2024, o equivalente a 19,7% da população em idade de trabalhar. Nessa população com 60 anos ou mais, 55,9% eram mulheres, 44,1% eram homens. O nível de ocupação dos idosos foi maior entre os homens – 34,2% deles trabalhavam em 2024 -, do que entre as mulheres: apenas 16,7% estavam ocupadas, uma diferença de 17,4 pontos porcentuais.
“Essa amplitude se justifica pelas diferentes regras de aposentadoria entre os sexos, por um lado, e pela menor participação feminina no mercado de trabalho ao longo do ciclo de vida em razão das responsabilidades envolvidas no trabalho reprodutivo (tarefas do lar e cuidados de parentes), resultando, assim, em uma menor participação no mercado de trabalho em todas as idades”, justificou o IBGE.
Em 2019, antes da pandemia de covid-19, a proporção de ocupados entre as mulheres idosas era de 14,6%, e entre os homens, de 33,8%. Ou seja, o avanço no nível da ocupação foi maior entre as mulheres do que entre os homens.
“O aumento na ocupação entre os idosos tem ocorrido especialmente entre as mulheres”, frisou Denise Guichard, técnica do IBGE. “A Reforma da Previdência de 2019 é um dos fatores que faz com que as pessoas tenham que trabalhar mais tempo. Tem que contribuir mais tempo para conseguir se aposentar”, acrescentou.
No ano de 2024, na faixa entre 60 a 69 anos de idade, quase metade dos homens (48,0%) estavam trabalhando, proporção que diminuía a 26,2% entre as mulheres. No grupo com 70 anos ou mais, 15,7% dos homens ainda trabalhavam, e 5,8% das mulheres.
Quanto à forma de inserção, 43,3% dos idosos atuavam via trabalho por conta própria; 17,0% como empregado com carteira de trabalho assinada; e 11,3% como empregado sem carteira de trabalho assinada.
Em 2024, o rendimento médio real habitual do trabalho principal foi de R$ 3.108 para a média da população ocupada, enquanto o dos idosos foi 14,6% superior, de R$ 3.561. As mulheres idosas receberam R$ 2.718, 33,2% menos que os R$ 4.071 recebidos pelos homens idosos. As pessoas pretas ou pardas nessa idade ganhavam uma média de R$ 2.403, 48,7% menos que as pessoas brancas na mesma faixa etária, R$ 4.687.
O rendimento por hora médio dos ocupados no País foi de R$ 19,20 em 2024, mas para as pessoas com 60 anos ou mais subia a R$ 25,60. Os homens idosos tinham rendimento por hora de R$ 28,10, enquanto o das idosas era de R$ 21,60. Quanto à cor ou raça, os idosos brancos recebiam R$ 33,10 por hora, quase o dobro dos negros (R$ 17,90).



