Mix diário

Em alta de 1,7%, a 158,5 mil pontos, Ibovespa quebra recordes de 11 de novembro

Em alta de 1,70%, o Ibovespa fechou pela primeira vez na casa de 158 mil, aos 158.554,94 pontos, e, no intradia, aos 158.713,52 pontos, rompeu também o recorde observado na sessão de 11 de novembro, então aos 158.467,21. Patrick Buss, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destaca que a alta expressiva da Bolsa na sessão foi puxada pelas ações do setor financeiro, em razão da leitura comportada do IPCA-15 referente a novembro, a prévia da inflação oficial do mês, que mantém o Banco Central no caminho de iniciar, no primeiro trimestre do próximo ano, o ciclo de redução da Selic.

Entre as demais blue chips, Petrobras chegou a virar, mas fechou ainda em baixa (ON -0,32%, PN -0,15%), enquanto Vale ON, a ação de maior peso no Ibovespa, avançou 1,49%, tendo acompanhado o Ibovespa nas máximas da sessão. As variações nas ações de bancos, também acentuadas do meio para o fim da tarde, ficaram entre +1,14% (Banco do Brasil ON) e +3,01% (Bradesco PN) no encerramento da sessão. Na ponta ganhadora do índice, Rumo (+9,14%), Vamos (+6,63%) e Assaí (+6,38%). No campo oposto, Hapvida (-7,15%), Magazine Luiza (-1,46%) e Vibra (-1,00%).

“Dentre as quedas, Hapvida chamou atenção, após uma sequência de rebaixamentos nas recomendações de analistas que se seguiram ao balanço do terceiro trimestre”, diz Bruno Perri, economista-chefe, estrategista e sócio-fundador da Forum Investimentos.

O giro financeiro na B3 nesta véspera de feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, dia em que não haverá negócios nos mercados de Nova York, subiu para R$ 26,8 bilhões. Na semana, em três sessões até aqui, o Ibovespa agrega 2,45%, elevando o ganho do mês a 6,03% e o do ano a 31,82%.

Divulgados pela manhã desta quarta-feira, 26, “os dados do IPCA-15 trouxeram ânimo a mais para o Ibovespa, e o mercado volta a precificar a possibilidade de corte de juros para janeiro”, diz João Paulo Fonseca, head de renda variável da HCI Advisors. “A pressão sobre o preço de passagens aéreas foi atenuada pela queda nos alimentos, e esse resultado reforça o viés de baixa para a inflação deste ano”, acrescenta.

À tarde, o sumário das condições regionais da economia nos Estados Unidos, compilado por unidades do Federal Reserve, o chamado Livro Bege, sugeriu um grau de enfraquecimento da atividade no país, o que mantém viva a percepção de que o Banco Central americano, após o apagão de dados durante os 43 dias de shutdown ao longo de outubro e em parte de novembro, terá condições de voltar a cortar juros em dezembro, após os ajustes de baixa nas reuniões de setembro e outubro.

Na leitura de menos é mais, em função do efeito percebido sobre a perspectiva dos juros americanos, os índices de ações em Nova York acentuaram, ainda que marginalmente, os ganhos observados desde mais cedo. No fechamento, Dow Jones mostrava alta de 0,67%; S&P 500, de 0,69%, e Nasdaq, de 0,82%.

“O Livro Bege realmente reforçou que a economia americana está se desacelerando e a visão de que o Fed precisará, de fato, cortar juros. O mercado está comprado nessa ideia”, diz Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora. “Se vier realmente esse corte, a tendência é de que o mercado siga em alta.”

“Quando comparada a outros emergentes, a Bolsa brasileira tem ainda espaço de alta, e o que trava um pouco é a perspectiva para o fiscal e a situação dos juros, do jeito que ainda estão”, diz Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos. “Ritmo positivo do exterior deu o tom e, internamente, o IPCA-15 ainda mostra tendência de queda para o ritmo de inflação, reforçando a expectativa de corte da Selic em janeiro, o que deixou em segundo plano a aprovação de pauta-bomba para as contas públicas na terça à noite, no Senado”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,20% em novembro, um pouco acima da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,18%, com intervalo entre avanços de 0,10% e 0,23%. Ainda assim, a alta de 0,20% para o IPCA-15 foi a taxa mais branda para o mês desde 2019, quando o índice subiu 0,14%.

Dólar

O dólar emendou o terceiro pregão consecutivo de queda nesta quarta-feira, 26, dia marcado por apetite ao risco no exterior. Investidores migram para bolsas e divisas emergentes à medida que a divulgação de dados da economia americana – represados pela paralisação (shutdown) da máquina pública – estimula apostas cortes de juros pelo Federal Reserve em dezembro.

Operadores afirmam que a maré externa positiva se sobrepõe à preocupação com os atritos entre o governo e o Congresso, evidenciados pela aprovação de terça, no Senado, do projeto de aposentadoria para agentes comunitários de saúde, a chamada “pauta-bomba”. Embora não provoquem uma alta do dólar, os ruídos políticos e os temores de aumento mais expressivo de remessas de lucros e dividendos no fim do ano podem tirar parte do fôlego do real, ponderam analistas.

Com mínima de R$ 5,3321, na reta final do pregão, o dólar à vista fechou a R$ 5,3346, em queda de 0,78%, levando as perdas na semana a 1,24%. Houve relatos entrada de recursos para renda fixa e bolsa, em dia de novo recorde do Ibovespa, que superou os 158 mil pontos. No ano, a moeda americana recua 13,68% em relação ao real.

“O movimento de desvalorização do dólar hoje é global e está muito ligado à renovação da percepção de que o Fed pode de fato cortar os juros no mês que vem”, afirma o economista-chefe da economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo.

O economista observa que a divulgação nos últimos dias de indicadores de atividade de inflação nos EUA, aliada a declarações recentes de dirigentes do Fed, apagaram os efeitos das fala mais dura do presidente do BC americano, Jerome Powell, após a decisão de política monetária em fins de outubro. Na ocasião, Powell frisou que um corte de juros em dezembro não estava garantido.

“Os números que vêm sendo divulgados após o fim do ‘apagão de dados’ sugerem um processo gradual de desaceleração da atividade econômica. Tivemos hoje o PMI de Chicago muito abaixo do esperado, o que reforça essa percepção”, afirma Galhardo, ponderando, contudo, que há dúvida se haverá espaço para continuidade do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA em 2026.

O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) de Chicago caiu de 43,8 em outubro para 36,4 em novembro, bem mais que o esperado por analistas, 43,5. Leitura abaixo de 50 indica contração da atividade. Divulgado à tarde, o Livro Bege, relatório do Fed sobre as condições da economia americana, reforçou o quadro de perda de força gradual da economia dos EUA.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY apresentava ligeira queda no fim do dia, ao redor dos 99,600 pontos, após mínima aos 99,555 pontos. Na contramão dos pares, o iene recuou na comparação com o dólar, o que tende a estimular operações de carry trade com moedas de países de juros altos, caso das divisas latino-americanas.

Analistas ponderam que a manutenção do apetite por divisas emergentes e a manutenção da taxa Selic em 15% até o fim do ano podem mitigar as pressões sobre o real com o aumento de remessas ao exterior. Há preocupação com eventual antecipação de dividendos em razão da taxação embutida no projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda, sancionado nesta quarta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA-15 subiu 0,20% em novembro, acima da mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, de 0,18%. A avaliação de economistas ouvidos pela Broadcast é a de que a leitura do índice foi benigna, com desaceleração das médias dos principais núcleos.

“O IPCA-15 não trouxe mudanças relevantes no cenário doméstico, apesar de ser qualitativamente positivo. O primeiro corte da Selic deve vir no primeiro trimestre, em janeiro ou março”, afirma Galhardo, da Análise Econômica.

Juros

Os juros futuros negociados na B3 exibiram dinâmica distinta em boa parte da segunda etapa do pregão desta quarta-feira, 26, com persistência do viés de alta nos vértices curtos e baixa um pouco mais pronunciada a partir do miolo da curva. Na reta final dos negócios, porém, a parte curta perdeu ímpeto.

Enquanto o IPCA-15 de novembro ligeiramente acima do esperado influenciou alguma correção para cima nas taxas de curto prazo, os vencimentos de janeiro de 2029 para frente encontraram espaço adicional para ceder em meio ao ambiente externo de maior apetite a risco e apoiados também pela queda do dólar ao longo da sessão.

Agentes ainda apontaram possível influência de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as taxas intermediárias e longas, que chegaram a tocar mínimas intradia enquanto ele concedia entrevista, por volta das 14h40. O dólar à vista também acentuou a desvalorização no mesmo horário. À Globonews, Haddad afirmou que a equipe econômica não fará exceção no arcabouço fiscal para solucionar a crise nos Correios, que não deve ser privatizado.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou de 13,504% no ajuste de terça para 13,51%. O DI para janeiro de 2029 caiu de 12,737% no ajuste anterior para 12,705%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,015%, vindo de 13,098% no ajuste precedente.

Publicada pelo IBGE, a prévia da inflação oficial passou de 0,18% em outubro para 0,20% na leitura atual, pouco acima da mediana do Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que previa taxa igual à do mês anterior. O número trouxe sinais mistos: enquanto casas como o Santander avaliaram que as surpresas de alta foram mais concentradas em itens voláteis e o processo de desinflação segue em curso, outro grupo viu alguma piora qualitativa no número.

Para o economista Alexandre Maluf, da XP, a perda de fôlego dos preços persiste. Mas há indicativos contraditórios no resultado, que devem manter o mercado dividido sobre quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve dar início ao ciclo de redução da Selic – em janeiro ou março.

Maluf ressaltou que a desaceleração inflacionária segue sustentada principalmente por alimentos e bens industriais. Na outra ponta, os serviços continuam resilientes. Em seus cálculos, a inflação dos serviços intensivos em mão de obra avançou de 6,8% para 7,3% entre outubro e novembro, pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada.

Estadão Conteudo

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