O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 25, que o modo como a autarquia comunica suas decisões é um grande desafio. Emendou que a comunicação de política monetária foi gradativamente virando uma ciência própria e correlacionou esse desafio também ao fato de a dimensão e o mandato dos BCs terem extrapolado a função da estabilidade monetária, abrangendo também a estabilidade financeira.
“Quando o Banco Central deve falar, no que deve falar, no que deve explicar. Encontrar essa linha entre prestar satisfação à sociedade, explicar à sociedade. Dado que a credibilidade e expectativas são elementos fundamentais da potência e da eficiência da política monetária e da supervisão, é super importante que a gente possa ter oportunidades como essa, mas que o BC não cruze a linha de buscar protagonismo ou midiatizar seus efeitos. Essa não é a função de uma instituição de Estado”, afirmou Galípolo, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para falar sobre operações de câmbio durante a gestão do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.
O presidente do BC foi ao local acompanhado do diretor de Fiscalização da instituição, Ailton Aquino. Também participa da audiência o presidente do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Saadi, que deve tratar do instrumento das “contas-bolsão”.
Ele também afirmou ser grato à imprensa especializada que cobre o BC e enfatizou que o tema é hermético.
Acordos de leniência
O presidente do Banco Central enfatizou que a autarquia não faz acordos de leniência e não tem poder de interromper investigações criminais. Ele frisou que a operação realizada entre o BC e Campos Neto foi um termo de compromisso, e que acordos de leniência não fazem parte da competência da autarquia.
Argumentou também que a comunicação envolvendo o caso de Campos Neto foi permeada por uma série de “confusões”.
A primeira delas, dizer que a lei cambial teria sido aprovada pelo BC. A segunda, que essa legislação teria aberto uma brecha para temas criminais. “Coisa que também não cabe. A legislação cambial de maneira nenhuma tem o condão de alcançar temas de investigação de ordem criminal”, afirmou.
Por fim, destacou que o caso específico de Campos Neto foi anterior à lei cambial. “Quando a gente chega para o caso específico do presidente Roberto Campos, também tem um ponto adicional que é, o tema que foi objeto da investigação e do processo sancionador do Banco Central, ele é um tema anterior à lei”, disse. “A lei nova que supostamente teria resolvido essa brecha, não se aplica ao processo sancionador que foi gerado anteriormente”, enfatizou.



