O pesquisador Carlos Henrique Veiga, chefe da Divisão de Atividades Educacionais do ON, disse hoje (9) à Agência Brasil que a ideia inicial foi relacionar a astronomia e a geofísica, em especial, áreas de pesquisa do instituto, com o futebol. A iniciativa é inédita no mundo, garantiu Veiga, após descobrir que nenhum instituto de pesquisa, em qualquer país onde houve Copa do Mundo, fez um tipo de trabalho semelhante, visando a aproximar a ciência do grande público, a partir do futebol.
Foram produzidos 14 painéis relacionando astronomia e futebol, geofísica e futebol. “Só que eu usei o humor, e o texto científico é pequeno, em uma linguagem bastante acessível”, disse ele. Foi feito também um livreto sobre a exposição, que está sendo distribuído nas escolas e aos visitantes da mostra.
As imagens passam ao público, por exemplo, o que é buraco negro, o que são asteroides e cometas. Ou seja, “toda essa coisa de astronomia que as pessoas têm curiosidade de saber, eu tentei usar o elemento futebol, para poder passar a ideia de ciência por meio do esporte”, salientou, para afiançar que “está dando um resultado danado”. No final de semana retrasado, a exposição recebeu, em dois dias, 2.236 pessoas, disse o pesquisador.
Uma das ilustrações mostra os asteroides que entram na atmosfera da terra e não conseguem ser destruídos. O painel recebeu o nome Sistema Brasileiro de Defesa. “Não existe nenhum tipo de arma que consiga impedir a entrada de um asteroide [na atmosfera], ou que possa destruir e pulverizar um asteroide”, explicou Carlos Veiga. Usando, então, bom humor, ele recorreu à imagem de um goleiro agarrando asteroides. “Se você botar um bom goleiro fora da atmosfera da Terra, você é capaz de impedir esses asteroides de entrar. É uma imagem de humor, eu falo dos asteroides no texto. Mas uma boa imagem de goleiro, todo mundo entende isso”.
Outro painel se refere ao buraco negro, que é uma estrela muito quente situada no centro da galáxia, que atrai toda matéria para ela. Em alusão às obras em curso no Rio de Janeiro, o pesquisador resolveu fazer uma operação “tapa buraco negro”. A imagem tem uma série de elementos do cotidiano que remetem a uma grande obra no buraco negro, feita de modo a permitir que as pessoas passem por um viaduto e possam assistir ao futebol, jogado em um campo verde. “São várias ilustrações que usam o futebol para explicar um pouco os problemas da astronomia”, acrescentou.
Um terceiro painel chama a atenção da população com a frase “Desculpe o transtorno. Via Láctea em obras”. Entre os elementos utilizados, há a figura do repórter aéreo, além da imagem de um acidente, que conta com a participação de médicos do Corpo de Bombeiros. “Essa cena é que a gente coloca para dizer o que é uma estrela de nêutrons, por exemplo. Isso tudo é passado, mas a pessoa, lendo aquilo, não percebe que é ciência pura”.
Agência Brasil