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Blue Origin faz sombra à SpaceX, de Musk, ao pousar foguete da missão a Marte

A Blue Origin alcançou na quinta-feira, 13, seu avanço técnico mais significativo até agora ao lançar a missão Escapade rumo a Marte e recuperar de forma controlada o primeiro estágio do foguete New Glenn, um feito que até então só havia sido obtido pela rival SpaceX, de Elon Musk.

O lançamento, ocorrido a partir da Flórida e transmitido no canal do YouTube da empresa, levou duas sondas da Nasa destinadas a estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte.

O marco do dia foi o pouso vertical do propulsor em uma plataforma marítima localizada a cerca de 600 km da costa. O procedimento, central para reduzir custos e aumentar a cadência de lançamentos, havia falhado em janeiro no voo inaugural do New Glenn.

A missão Escapade, formada pelos satélites gêmeos Gold e Blue, vai investigar por que Marte perdeu grande parte de sua atmosfera ao longo de bilhões de anos, fazendo com que a água que existia no planeta escapasse para o espaço. Entender esse processo ajuda o cientistas a reconstruir como o clima do planeta mudou ao longo do tempo.

Além dos objetivos científicos, a missão também vai testar uma nova rota até Marte. Em vez do caminho tradicional, que só permite lançamentos em poucas semanas a cada 26 meses, as sondas irão primeiro até um ponto de equilíbrio gravitacional, a mais de um milhão de quilômetros da Terra e, de lá, seguirão para o planeta vermelho.

Com 98 metros de altura, o New Glenn é o foguete mais potente já construído pela Blue Origin, projetado para ser reutilizado ao menos 25 vezes e para transportar cargas pesadas, incluindo satélites comerciais e futuras missões lunares. O desempenho bem-sucedido no segundo voo reforça o argumento da empresa de que o veículo está pronto para operações regulares.

Para a Nasa, usar o New Glenn é uma aposta estratégica. O programa Artemis, que pretende levar astronautas de volta à Lua até o fim da década, tem sido afetado por atrasos na Starship, da SpaceX e diante dessas incertezas, um dos principais responsáveis pela agência sugeriu no mês passado reabrir o contrato para os pousos tripulados, o que abriu espaço para que empresas como a Blue Origin entrem novamente na disputa.

O resultado também vem em meio a uma disputa intensa, já que, enquanto a SpaceX faz testes constantes com a Starship, a Blue Origin tenta mostrar que consegue avançar com menos lançamentos e resultados mais estáveis. Ainda assim, a empresa de Musk mantém vantagem: lança foguetes com muito mais frequência e opera serviços já consolidados, como a rede de internet via satélite Starlink.

Com o pouso bem-sucedido e a missão rumo a Marte em andamento, a Blue Origin busca se firmar como uma concorrente real da SpaceX na disputa por contratos do governo e do setor espacial. O desempenho também indica, na avaliação de analistas americanos, que a concorrência pelo futuro da exploração lunar e interplanetária está mais aberta do que nos últimos anos.

Estadão Conteudo

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