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Afroempreendedorismo avança e já reúne 47% dos donos de negócios em Mato Grosso

Levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) aponta que o afroempreendedorismo é um fenômeno em expansão. Os afroempreendedores já representam quase metade dos donos de negócios do estado (47%), sendo 29,3% pardos e 18,3% pretos. A divulgação dos dados, às vésperas do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, reforça a relevância histórica, cultural e econômica da população negra na dinâmica empresarial mato-grossense e destaca a urgência de políticas que ampliem oportunidades.

Para a diretora-superintendente do Sebrae/MT, Lélia Brun, os resultados revelam um movimento marcado por múltiplas motivações que combinam pressão econômica e realização pessoal. “O ingresso dos empreendedores negros e pardos no mercado acontece tanto pela necessidade financeira quanto pela busca por autonomia e oportunidade. São trajetórias que nascem da força, mas também da visão de que é possível criar, inovar e prosperar”, afirma. O estudo mostra que necessidade financeira, autonomia e oportunidade percebida estão entre os estímulos mais citados por esse público.

Os setores de comércio e serviços concentram a maior parte dos afroempreendedores, com 31,3% e 43,6% dos negócios. Microempresas e MEIs representam a maioria, atuando tanto em estabelecimentos físicos quanto em atendimentos realizados em casa, no endereço do cliente, em feiras e em formatos sem ponto fixo. Entre os segmentos mais presentes estão alimentos e bebidas (20,5%), transporte e logística (15,4%), higiene e cosméticos (13,6%), moda (11%) e saúde e bem-estar.

O perfil dos afroempreendedores mostra diversidade e trajetória consolidada. Homens representam 61% desse grupo e mulheres, 39%. As faixas etárias predominantes ficam entre 35 e 54 anos, enquanto a presença de jovens até 34 anos é proporcionalmente maior que em outros grupos. Quanto à escolaridade, 57% possuem ensino médio, e cerca de 35% têm ensino superior ou pós-graduação. A pesquisa também destaca que 34,5% das mulheres afroempreendedoras com filhos se consideram mães atípicas, o que amplia os desafios no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

A sustentabilidade aparece como um campo de atenção crescente. Embora apenas 31,3% afirmem adotar práticas sustentáveis, as ações mais comuns incluem economia de energia e água, uso de embalagens ecológicas, reciclagem de resíduos e consumo consciente. O relatório indica que parte desse público demonstra interesse em ampliar iniciativas ambientais, o que pode abrir novas oportunidades competitivas.

Barreiras e desafios

Assim como ocorre com grande parte dos empreendedores brasileiros, o acesso ao crédito desponta como um dos principais entraves enfrentados pelos afroempreendedores de Mato Grosso. A falta de capital inicial, a burocracia, a concorrência acirrada e a dificuldade de acesso ao crédito formam o núcleo das limitações estruturais. O estudo também evidencia casos de preconceito racial, discriminação de gênero e discriminação por idade, fatores que, mesmo com menor incidência, afetam diretamente o desenvolvimento dos negócios.

O Sebrae/MT oferece capacitações, consultorias, programas de inovação, apoio na busca por crédito e ações de fortalecimento de redes de negócios e conexões. Segundo Lélia Brun, apoiar o afroempreendedorismo é parte essencial da missão da instituição. “O Sebrae trabalha para garantir que empreendedores negros e pardos tenham acesso a conhecimento, ferramentas e oportunidades reais para crescer, gerar renda e transformar seus territórios”, destaca.

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