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COP30/Carlos Nobre: Estamos torcendo muito para o TFFF ser efetivado

Cientistas de vários países veem no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) uma iniciativa acertada e que compõe o conjunto de soluções para as mudanças climáticas. “Estamos torcendo muito para o TFFF ser efetivado de fato”, afirmou nesta segunda-feira Carlos Nobre, professor da cátedra clima e sustentabilidade e copresidente do Painel Científico para a Amazônia.

Nobre falou com a imprensa logo depois ele e cientistas de outros países apresentarem uma declaração conjunta que será entregue às delegações de 194 países mais a União Europeia. O texto também teve o apoio de ativistas, povos indígenas, líderes políticos e empresariais.

“Nossa missão é transmitir o que está acontecendo e mostrar que as soluções baseadas na natureza são fundamentais. É preciso reduzir o uso de combustíveis fósseis e garantir o ‘fundo verde’ de US$ 1,3 trilhão definido em Baku”, disse. O cientista brasileiro pontuou que “todos têm uma enorme responsabilidade de reduzir todas as emissões de gases de efeito estufa, protegendo todos os biomas”.

Leia a seguir a íntegra da declaração dos cientistas da Planetary Science:

A COP30 deve proteger a estabilidade dos dois biomas mais ricos da Terra – a floresta amazônica e os recifes de corais tropicais. Com apenas cinco dias restantes de negociações na COP30, cientistas – assim como ativistas, Povos Indígenas, líderes políticos e empresariais – se uniram para pedir aos Chefes de Delegação que entreguem um roteiro claro para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e proteger as florestas tropicais.

A ciência soa o alarme há décadas: os ecossistemas mais biodiversos do planeta, em terra e no oceano – a floresta amazônica e os recifes de corais tropicais – estão sob pressões intoleráveis.

Somente nos últimos dois anos, a Amazônia viveu uma das piores secas já registradas. A ciência mostra que a mudança climática causada pelo ser humano tornou essa seca 30 vezes mais provável do que seria sem interferência humana. A Amazônia também registrou o maior número de incêndios em quase duas décadas, mais de 140,000 incêndios florestais, a grande maioria deles causados pela ação humana, queimando milhões de hectares de floresta, liberando enormes quantidades de carbono e afetando gravemente a saúde das populações.

A pressão combinada das emissões de combustíveis fósseis e do desmatamento empurra a Amazônia na direção de mudanças irreversíveis. Quando a floresta se degrada e grandes áreas deixam de absorver carbono para se tornarem fontes de emissões, todo o planeta sentirá o impacto.

Os recifes de corais tropicais, berço de um terço de toda a vida marinha, atingiram – ou estão muito próximos de atingir – um ponto de não retorno. O aquecimento dos oceanos e a acidificação, impulsionados pelas emissões de combustíveis fósseis, estão destruindo esses ecossistemas. O mundo já perdeu entre 30% e 50% de seus recifes. Apenas nos últimos três anos, mais de 80% sofreram branqueamento severo, enfraquecendo as bases de vida de inúmeras comunidades costeiras que dependem deles para alimentação e sustento.

Neste fim de semana, o povo de Belém levou esse alerta às ruas com um rugido colorido. Nossa mensagem é clara: a perda dos recifes de corais e a degradação da Amazônia – uns dos maiores estabilizadores climáticos da Terra – afetam a todos nós. Aqui na Amazônia, a COP30 deve conceber um esforço global para proteger a vida em todas as suas formas. Os países precisam se unir para entregar roteiros para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e deter e reverter a perda das florestas. Isso exige manter firme a “missão 1.5”.

Estadão Conteudo

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