O presidente Lula demorou a se pronunciar depois do episódio que terminou com a
morte de cento e tantos bandidos nos morros do Rio de Janeiro. Quando o fez, falou
besteira: ao contrário de lamentar a morte dos quatro policiais assassinados pelos
traficantes, classificou de desastrada a operação e levianamente repudiou a
“matança”.
Com ele, alguns jornalistas, vários artistas, professores universitários, políticos de
esquerda e “intelectuais” de variada estirpe apressaram-se a condenar a ação policial e
“passar pano”, como é moda dizer agora, para a cambada que domina as favelas.
Todos esses têm um ponto em comum: sugerem que se deva procurar os verdadeiros
criminosos na “Faria Lima”, que é o centro empresarial e financeiro do Brasil.
Não precisa ser sociólogo ou antropólogo para dissociar a bandidagem, que ora está
sendo combatida, dos escritórios empresariais. Os tradicionais empresários brasileiros,
tendo conseguido sucesso financeiro, não se meteriam com bandidos e milicianos que
se dedicam a explorar os morros e periferias das capitais brasileiras.
Os grandes chefes do crime organizado geralmente não são industriais, comerciantes
ou banqueiros que passaram a se dedicar ao crime, mas sim bandidos comuns, que
com o crime ganharam muito dinheiro e investiram em transporte público, postos de
gasolina, usinas de álcool e outras formas de lavar o dinheiro. São os bandidos que se
tornam empresários, não o contrário.
Quando os românticos desculpam os crimes dos faccionados sugerindo que são vítimas
da exclusão social, estão sendo injustos com a população vítima deles.
Em um mundo ideal, não haveria mortes violentas. Em um mundo ideal, os moradores
dos morros não pagariam por gatonet, transporte ilegal, taxa de gás, segurança
privada ou gato de energia.
Mas o mundo não é do jeito que queremos. Ele está sendo dominado pelos criminosos
que exploram a população periférica e vive do dinheiro extorquido dela. Por isso
precisamos da polícia, que é uma das boas invenções da civilização. Esses soldados, no
exercício da profissão e na defesa da própria vida, muitas vezes precisam matar
bandidos que os atacam, como aconteceu na última operação no Rio.
É preciso, sim, subir os morros a despeito das barricadas. É lá que se escondem ou se
esconderam os Docas, os Marcinhos VPs e os Fernandinhos Beira-Mar, que exploram
diariamente os pobres moradores. Condenar a ação contundente da polícia significa
proteger os bandidos.
A operação do final do mês passado tinha o objetivo de prender criminosos, mas a
polícia foi recebida a tiros saídos da boca de mais de cem fuzis manueseados pelos
bandidos. Passa pela cabeça de algum artista, jornalista ou sociólogo que, diante da
recepção, as forças policiais deveriam colocar o rabo entre as pernas e voltar para o
quartel?
A resposta foi a esperada e necessária, a despeito da condenação da mídia. Esta, na
verdade — com raras exceções — insiste na militância ideológica e está mais
interessada em doutrinar os leitores que informá-los com isenção. Levantamentos
atuais mostram que, no Brasil, mais de 80% dos jornalistas são de esquerda e que
apenas 4% se dizem de direita. Não haveria problema se esta turma não colocasse a
“crença” política acima do dever de informar bem.
Renato de Paiva Pereira.


