A animação da Disney e Pixar, intitulada “Elio”, é uma joia luminosa no firmamento do cinema infantil e também um espelho delicado da alma humana.
O longa-metragem mescla humor e aventura, conduzindo-nos por uma jornada repleta de cores, surpresas e emoções, enquanto revela, com ternura, a viagem mais importante de todas: a descoberta de quem somos.
Elio é um menino sensível e sonhador, que vive sob os cuidados da tia após perder os pais. Carrega em si o silêncio das perdas, mas também a centelha da imaginação que o faz olhar o mundo com curiosidade e espanto.
Por um acaso do destino, ou do universo, é confundido com o “representante da Terra” por uma civilização alienígena. E assim, de um quarto comum, é lançado às galáxias, tornando-se o improvável porta-voz de toda a humanidade.
O que poderia ser uma aventura caótica transforma-se, aos poucos, numa jornada de autoconhecimento. No espaço infinito, onde o vazio poderia significar solidão, Elio descobre o oposto: não estamos sós.
Entre seres de outros mundos, encontra amigos, cumplicidade e o reconhecimento que tantas vezes lhe faltou na Terra. Aprende que o medo e a diferença não nos separam, apenas nos convidam a compreender.
A relação entre Elio e sua tia é o fio que o prende ao lar, o lembrete de que o amor familiar é o primeiro universo que habitamos. Ela o acolhe com firmeza e carinho, preenchendo com presença o espaço deixado pela ausência dos pais. É um amor que não substitui, mas que ensina a recomeçar.
No rastro das estrelas, o filme ilumina uma verdade singela e poderosa: a vida só ganha sentido quando é compartilhada.
Amigos e família são constelações que nos guiam, pontos de luz que indicam o caminho quando o coração parece perdido no escuro.
A aventura de Elio não é apenas pelo cosmos, mas dentro de si mesmo. Ele compreende que pertencer não é ser igual, é ser aceito exatamente como se é. E quando esse entendimento floresce, o universo inteiro parece sorrir.
“Elio” fala à criança que ainda mora em cada adulto, e ao adulto que, muitas vezes, esquece de olhar o mundo com os olhos da criança.
Mostra que o humor é um jeito leve de curar as feridas da vida, e que a aventura é o caminho natural do crescimento. Ensina que amizade e família são os abrigos da alma, e que mesmo quando tudo parece distante, há sempre alguém, ou algum sentimento, disposto a nos trazer de volta para casa.
Porque, no fundo, somos todos viajantes do mesmo céu.
E cada gesto de afeto é uma estrela acesa no mapa do nosso pertencimento.
Há muito tempo as animações deixaram de ser produções infantis para trazer lições a todos nós.
Vale a pena assistir.

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial. @aeternalente
Foto Capa: Reprodução/Divulgação


