"Existe a perspectiva de se retirar, mas sair é uma palavra forte. O Brasil tem muito interesse [nessa missão], e é uma orientação do ministro da Defesa [Celso Amorim] que, com toda a experiência dos últimos anos, o Brasil dê continuidade a uma linha diferente de apoio, que prepare o cidadão haitiano para absorver conhecimento e adquirir autonomia para desenvolver o Haiti. Mas, ao longo do tempo, o Brasil deve deixar o país", destacou Cardoso.
Um dos objetivos da Missão de Paz das Nações Unidas no Haiti (Minustah) é manter a estabilidade para as eleições de 2016 no país. "Se as metas para 2016 serão cumpridas, eu não sei. Mas os objetivos vão estar bem avançados. Acho que estamos avançando bem", disse o secretário-geral da Defesa.
Sobre as críticas do pesquisador haitiano Franck Seguy, que, ouvido ontem (29) pela Agência Brasil, afirmou que as forças de paz têm atuado na repressão de movimentos populares e manifestações no país, Cardoso respondeu que é preciso não confundir o momento e que a atuação [dos militares] tem um direcionamento pacificador: "É preciso ter muito cuidado para não confundir o momento. Não vejo essa posição de querer acabar com tais movimentos. Nossa posição é sempre a de preservar e buscar a paz e o entendimento."
Depois do terremoto, o Brasil aumentou a presença de soldados para cerca de 2,2 mil, informou o ex-embaixador do Brasil no Haiti Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores. De acordo com Andrade Pinto, o desempenho do Brasil no Haiti tem levado a ONU e a comunidade internacional a demandarem a presença do Brasil em outros países: "Só poderemos ter uma presença maior se convencermos a sociedade civil e o Parlamento de que ter essa projeção internacional é importante", ressaltou o diplomata.
O secretário-geral adjunto da ONU para Operações de Paz, Edmond Mullet, destacou o papel de liderança do Brasil entre os países latino-americanos, cujo papel tem sido central na missão de paz. Segundo Mullet, 70% da tropa de paz é dos países latino-americanos. "É um exército do Brasil e da América Latina", afirmou.
Agência Brasil