Segundo a diretora-geral da unidade, Simone Silveira, o aparecimento de bactérias resistentes a antiobióticos é comum, principalmente em pacientes com imunidade baixa, em decorrência de tratamentos como a quimioterapia. “Com o passar o tempo, bactérias se tornam mais resistentes a remédios. Mas há novas drogas, mais potentes. Os pacientes que estão internados aqui têm tratamento, estão sob cuidados, não estão esperando a morte”, esclareceu.
A diretora do Hemorio reforçou que não há nenhum risco de infecção para pessoas que regularmente doam sangue na instituição, em uma ala “completamente desvinculada da internação”. E pediu que os doadores compareçam à unidade. “Por uma série de motivos como a greve de ônibus, estamos com estoques baixos, na véspera da Copa do Mundo”.
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Para evitar a propagação da bactéria, a médica explicou que os pacientes estão em uma área isolada. “Porque o acompanhante desse paciente vai pegar nele, vai tocar, e depois vai encostar na maçaneta, vai ao banheiro. Um outro acompanhante pode vir e tocar naquilo. Aí, um outro paciente que está sensível, pode ser colonizado". Segundo ela, os profissionais da unidade precisam usar máscaras e luvas para lidar com os pacientes do isolamento.
De acordo com Simone, o número de pacientes com bactérias multirresistentes no Hemorio está abaixo do percentual de 8% (pacientes por leito) aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Nossa taxa global de infecção hospitalar está abaixo de 1,3%”, comparou. “As bactérias estão aqui no hospital e na população por algum tempo, não existe risco de infecção geral”, frisou. Ontem (27) sete pessoas que tinham sido detectadas com o problema tiveram alta.
O professor de infectologia pediátrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migowski confirmou que pessoas em tratamento acabam mais vulneráveis a doenças. “É igual ventar contra uma casa de palha e outra de alvenaria. O mesmo vento derruba a casa de palha e não a de alvenaria”. Ele ressaltou que é pouco provável que pessoas saudáveis corram o mesmo risco.
“Esse é o problema da atualidade. A partir do momento em que mantemos vivos quem teria morrido por falta de quimioterapia, de cuidado médico, infelizmente, vai ocorrendo a possibilidade de colonização (primeiro passo para a infecção)”, explicou Migowski. Os pacientes do Hemorio foram identificados com as bactérias ESBL, KPC e VRE.
A direção do Hemorio também confirmou que, na semana passada, o setor de pediatria identificou larvas na comida servida às crianças. A empresa terceirizada que fornece a alimentação foi notificada para que trocasse a chefia de Nutrição. “Acreditamos que tenha sido um caso isolado porque é uma empresa que comprova qualidade no processo”, declarou.
A Agência Brasil procurou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que não comentou a situação no Hemorio.
Agência Brasil