Foi com ‘Alegria, Alegria’ que Caetano Veloso abriu o Altas Horas especial de 25 anos na noite do sábado, 11. Na noite de quase dezembro, ele se apresentou na frente de gigantes: Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Xande de Pilares e Mosquito.
O programa, tão sóbrio e sereno quanto o músico de 83 anos, pareceu uma sala de estar com as conversas entre Gil e Caetano, que contaram desde a história de como se conheceram e começaram a trabalhar juntos até suas dietas e brigas.
A amizade, que nasceu nas ruas de Salvador, foi se agregando a outros artistas ao longo dos anos, ensinando e se complementando. “Eu aprendi olhando a mão de Gil tocar”, relembrou com orgulho.
Os amigos apresentaram juntos Desde que o samba é samba e Super-homem (A canção). A plateia não aguentou: ficou de pé e se emocionou. A naturalidade da conversa deu espaço à outra: à abertura das terças feitas por Gil nos vocais de Caetano.
“Os meninos”, como os chama Ivete, tem uma “genialidade não só para a música, mas para a vida”. Seus “40 assuntos diferentes numa música só” a tocam “desde sempre”. A dama do Carnaval interpretou Trem das cores, música que retorna à sua infância, às longas viagens de carro que fazia desde Juazeiro com sua família.
Gil e Caetano escreveram mais de dez músicas juntos, reflexo de gostarem tanto um do outro. Aliás, “gostar é uma palavra que não cabe, porque é uma coisa extraordinária”. A deixa foi a oportunidade para o homenageado cantar Divino maravilhoso, que eles compuseram juntos para Gal Costa.
Num solo, Gil interpretou a canção sobre o luto, Cajuína. A música conta a história de quando Caetano conseguiu chorar a partida de seu amigo Torquato Neto. Após uma visita do pai do jornalista, que lhe deu uma rosa e um copo de cajuína, o músico lamentou a partida daquele que manteve a Tropicália viva no país durante seus anos de exílio.
O Leãozinho brindou a Platéia Caetano Veloso, novidade revelada no programa especial de 25 anos: todas as plateias do show vão agora homenagear algum artista. Ivete, Ney e Gil também ganharam cada uma uma plateia para chamar de sua.
Tom, Zeca e Moreno Veloso também participaram do programa. Sua “família harmônica”, como definiu o músico, vai para além do sentido de união. Força estranha foi o espaço para a voz de cada um deles brilhar juntas e individualmente. O final seco deixou um gostinho de quero mais da musicalidade dos Veloso juntos.
O público conheceu mais dos filhos de Caetano entendendo a relação deles com a fé quando o fenômeno do crescimento do número de evangélicos no país teve espaço no programa. Caetano interpretou Deus cuida de mim junto com Kleber Lucas.
Two Naira Fifty Kobo foi a única de Ney da noite.
O Coral Ginga & Voz foi uma das surpresas com uma emocionante interpretação de Terra, que nasceu quando Veloso, preso, viu, pela primeira vez, a foto que William Anders fez do planeta.
Xande e Mosquito, além de brilharem na interpretação de Gente, surpreenderam Caetano com uma canção especial de 25 anos.