O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou nesta segunda-feira, 6, que perícia feita pelo departamento científico da Polícia Civil identificou a presença de metanol em bebidas alcoólicas aprendidas em duas distribuidoras do Estado.
“São 17 requisições em 13 boletins de ocorrência distintos. Dessas 17 requisições, duas foram confirmadas. Saiu hoje (segunda-feira) o laudo positivo contendo metanol. Eram distribuidoras”, afirmou Derrite.
De acordo com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), as duas distribuidoras, que não tiveram os nomes revelados, foram fechadas. “Você confirma que a origem daquela bebida que foi consumida naquele bar, que gerou o resultado óbito, saiu daquela distribuidora que foi fechada e teve o seu registro suspenso”, disse o governador.
O governo de São Paulo realizou a prisão de 20 suspeitos de envolvimento na manipulação de bebidas no Estado nos últimos dias. Segundo Tarcísio, não há relação entre os suspeitos.
O montante representa praticamente a metade das 41 prisões de suspeitos de adulterar bebidas feitas desde o início do ano.
“Estamos prendendo os suspeitos para fazer a qualificação, ver outros crimes que eles podem ter cometido. As pessoas presas não têm relação entre si. Dentro da cidade, elas não têm relação entre si”, disse o governador.
As afirmações foram feitas nesta segunda-feira, 6, no Palácio dos Bandeirantes. O governador Tarcísio de Freitas reuniu o gabinete de crise montado para o enfrentamento dos casos de intoxicação por metanol.
Uma das linhas de investigação aponta que a contaminação pode ter acontecido no momento da limpeza dos vasilhames com metanol. A polícia, entretanto, não descarta o uso intencional do metanol para adulterar as bebidas, aumentando o conteúdo dos vasilhames.
Autoridades orientam a população sobre a importância de não consumir produtos falsificados e de procurar ajuda médica, caso apresente sintomas. A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a morte.
Balanço de casos no Brasil
Além de ações por parte de governos estaduais, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar os casos.
Nesta segunda-feira, 6, o Ministério da Saúde recebeu 217 notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Deste total, 17 casos foram confirmados e 200 seguem em investigação.
O Estado de São Paulo concentra 82,49% das notificações, com 15 casos confirmados e 164 em investigação. O Paraná registra dois casos confirmados e quatro em investigação.
O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas. Os casos, que tiveram início em São Paulo, ocorreram após o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como gim, vodca e uísque.
Atendimento médico deve ser feito o mais rápido possível
De acordo com o governo estadual, o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, para realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Os sintomas de alerta são: dores abdominais intensas, tontura e confusão mental.
O socorro em até 6 horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento do quadro clínico do paciente.
No sábado, o Ministério da Saúde disse que iniciou a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de pacientes intoxicados por metanol, aos Estados que formalizaram pedido de reforço de estoque.
Como denunciar
Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo. Clique aqui para saber mais.
O Procon-SP também recebe denúncias pelo Disque 151 e pelo site, onde o consumidor também encontra informações sobre como realizar a queixa.
Além disso, o número 0800 642 9782 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segue disponível para esclarecer dúvidas da população, profissionais e comerciantes sobre intoxicações e procedimentos.
Orientações para os consumidores
Procure estabelecimentos conhecidos ou dos quais tenha referência.
Desconfie de preços muito baixos – no mínimo podem indicar alguma falha como sonegação e adulteração, por exemplo.
Observe a apresentação das embalagens e o aspecto do produto: lacre ou tampa tortos ou “diferentes”, rótulo desalinhado ou desgastado, erros de ortografia ou logos com “variações”, ausência de informações como CNPJ, endereço do fabricante ou distribuidor, número do lote, e outra imperfeição perceptível.
Ao notar alguma diferença, não fazer testes caseiros como cheirar, provar ou tentar queimar a bebida. Essas práticas não são seguras nem conclusivas.
Fique atento a sintomas após o consumo:
visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura ou rebaixamento do nível de consciência, isso pode indicar intoxicação por metanol ou por bebida adulterada.
Busque atendimento médico imediato:
se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora.
Comunique as autoridades competentes:
Disque-Intoxicação (0800 722 6001, da Anvisa) para orientação clínica/tóxica; Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual);
Polícia (civil);
Procon (órgão de defesa do consumidor);
quando aplicável, outros órgãos relacionados (Ministério da Agricultura, etc).
Exija sempre a nota fiscal ou comprovação de origem: documento precisa ter todas as informações de identificação do fornecedor e da compra, isso ajuda na rastreabilidade do produto e é uma garantia para o consumidor em eventual reclamação.