A alta de 0,8% na produção em agosto ante julho fez o setor industrial brasileiro interromper uma sequência de quatro meses sem crescimento significativo. O avanço recente fez a indústria recuperar apenas parte da perda de 1,2% acumulada entre abril e julho.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O setor industrial volta a ter um crescimento mais importante. Ele não elimina a perda dos meses anteriores, elimina apenas uma parte da perda acumulada, mas volta para o campo positivo, também, com disseminação de resultados positivos entre as atividades. É uma melhor situação do que a gente vinha observando até então”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. “Há uma interrupção de um comportamento que era predominantemente negativo, e esse comportamento estava presente desde abril.”
A alta na indústria em agosto foi a mais intensa para esse período do ano desde 2020, quando tinha crescido 2,9%.
Na passagem de julho para agosto de 2025, três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 ramos industriais pesquisados apontaram avanço na produção.
“Você tem um maior espalhamento de resultados positivos em agosto”, lembrou Macedo, ponderando que o crescimento se dá sobre uma base de comparação bastante depreciada, uma vez que o setor vinha de perdas importantes desde abril. “A leitura de 2025 ainda é de perda de dinamismo no setor industrial”, concluiu.
Comparação com o período pré-pandemia
Segundo o IBGE, a indústria brasileira chegou a agosto operando 2,9% acima do patamar de fevereiro de 2020: 13 das 25 atividades investigadas estão operando em nível superior ao pré-crise sanitária.
Em agosto, os níveis mais elevados em relação ao patamar de fevereiro de 2020 foram os registrados pelas atividades de produtos do fumo (37,9%), outros equipamentos de transporte (28,8%), impressão e reprodução de gravações (15,1%) e máquinas e equipamentos (14,2%).
No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar pré-pandemia são vestuário e acessórios (-20,5%), móveis (-19,1%), produtos de madeira (-17,2%) e produtos diversos (-15,6%).
Entre as categorias de uso, a produção de bens de capital está 10,8% acima do nível de fevereiro de 2020. A fabricação de bens intermediários está 8,1% acima do pré-covid. Os bens duráveis estão 9,8% abaixo do pré-pandemia, e os bens semiduráveis e não duráveis estão 5,7% aquém do patamar de fevereiro de 2020.
Indústria de transformação opera 16,4% abaixo de pico de maio de 2011
Conforme o IBGE, em agosto, a indústria de transformação operava 16,4% aquém do pico alcançado em maio de 2011. Já as indústrias extrativas estavam 11,6% abaixo de ápice alcançado em abril de 2015.
Na média global, a indústria brasileira operava em agosto 14,4% aquém do pico alcançado em maio de 2011