Desde a independência, em 1991, a política ucraniana tem sido dominada por figuras de posturas dogmáticas até o ponto da autodestruição. Poroshenko, ao contrário, recebe críticas por não ser preso a ideologias – o que faz dele um enigma em um momento em que o país busca um rumo claro.
Mas, em meio a uma crise complexa e frequentemente violenta, os eleitores parecem achar que é de um homem flexível que o país precisa agora. As pesquisas de opinião mostram uma ampla vantagem para Poroshenko, de 48 anos, ante os outros 20 candidatos. Seus 35% de votos não seriam suficientes para vencer no primeiro turno, mas as mesmas pesquisas indicam que ele venceria no segundo, três semanas depois.
A eleição presidencial é um momento crítico para a Ucrânia, que entrou em uma crise após protestos terem derrubado o presidente por ter se aproximado comercialmente da Rússia, e não da Europa. O vazio político levou o governo de Vladimir Putin a anexar a região de maioria russa da Crimeia, e duas outras áreas no leste já se autoproclamaram independentes. Uma eleição transparente e democrática daria legitimidade ao governo ucraniano e minaria o argumento de Moscou de que é preciso intervir nos assuntos do país.
Poroshenko é um firme partidário da União Europeia, mas diz que é importante normalizar rapidamente as relações com a Rússia – que devem estar em pé de igualdade e não devem atrapalhar os desejos ucranianos de estreitar as relações com a União Europeia, diz ele."Devemos construir uma relação com a nossa vizinha Rússia de forma que eles, antes de tudo, assegurem a segurança dos nossos cidadãos", disse o candidato em uma campanha no começo da semana. Mas "para conversar com a Rússia como iguais, temos que construir um Estado forte."
O empresário é criticado por seu período como ministro da Economia do governo do ex-presidente Viktor Yanukovych, em 2012, Poroshenko disse em uma entrevista a uma revista ucraniana no ano passado que ele estava preparado para "colocar sua reputação em risco" na preparação do terreno para um acordo com a União Europeia.O que parece gerar esperanças entre os ucranianos, no entanto, é justamente a sensatez e leveza de Poroshenko, após anos de uma atmosfera de novela na política ucraniana.
"Poroshenko é um homem racional que prefere negociar do que hostilizar", disse o analista Vadim Karasyov à agência de notícias Associated Press. "Ele é um homem da indústria, não um homem de ideologia."Uma vez eleito, disse Karasyov, ele falará com o Kremlin e com os homens mais ricos da Ucrânia, Rinat Akhmetov e Ihor Kolomoisky, para tentar desfazer as tensões e colocar um fim na violência no leste.
Diferentemente de outros multimilionários ucranianos, Poroshenko não fez sua fortuna com as privatizações pós-soviéticas, mas construiu seu império do chocolate colocando tijolo por cima de tijolo. Seu reino não é o das minas de carvão com trabalhadores explorados e más condições de segurança, mas chocolates e guloseimas vendidos em lojas espalhadas por todo país. Como resultado, sua fama é de "bom empresário". Sua fortuna foi calculada pela revista Forbes em US$ 1,6 bilhões.
Poroshenko não estava entre os líderes das manifestações pró-Europa que tomaram o país em fevereiro, mas ele foi um dos primeiros empresários do país a apoiar os protestos publicamente – e permaneceu uma figura proeminente desde então. Alguns o veem como um sobrevivente político flexível, outros como um oportunista que não é leal a ninguém, exceto a ele mesmo.
G1