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Ibama e comunidades do Xingu unem conhecimento ancestral e ciência para prevenir incêndios

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo/Ibama), lançou a iniciativa Diálogos Itinerantes no Território Indígena do Xingu, localizado no norte do Mato Grosso. O projeto, desenvolvido pelo Serviço de Prevenção a Incêndios Florestais (Sepif/Prevfogo), promoveu uma valiosa troca de saberes entre brigadistas e indígenas sobre o manejo do fogo. Por meio de rodas de conversa em aldeias e comunidades, a iniciativa abordou diferentes técnicas de prevenção de incêndios florestais.

As atividades, conduzidas pelo chefe do Sepif, Kurtis François Teixeira Bastos, ocorreram entre agosto e de setembro, com o objetivo de promover uma escuta ativa e horizontal, unindo o conhecimento tradicional indígena sobre o uso do fogo às técnicas modernas de prevenção e combate. A iniciativa, que deverá ter novas edições, busca fortalecer a proteção do Xingu, território que abriga 16 etnias e é vital para a biodiversidade da Amazônia e para o regime de chuvas da região.Projeto Diálogos Itinerantes transforma prevenção em parceriaPercorrendo comunidades

A equipe percorreu as aldeias Matipu, Boa Esperança, Pavuru, Caniné, Capivara, Mupa, Pakaya e Sobradinho, promovendo diálogos sobre fogo, produção, educação e cultura. À noite, as aldeias se transformaram em cinemas ao ar livre, exibindo filmes educativos usados pelo Prevfogo, como Fogo e Segurança Alimentar (BRA, 2017), Turma do Labareda (BRA, 2017) e Turma do Folclore (BRA, 2023), que uniam entretenimento e aprendizado para discutir o uso do fogo, o trabalho das brigadas e a importância de proteger o meio ambiente.

Na aldeia Mayda, uma queima de roça controlada realizada pela brigada indígena Pakaya se transformou em aula prática, na qual o chefe do Sepif apresentou passo a passo de um plano de queima seguro e técnicas de manejo, valorizando a prática ancestral como instrumento de aprendizado. Ainda na região, a equipe viveu um momento de grande emoção: durante uma queima controlada, Kurtis François homenageou Uellinton Lopes (Eltinho), brigadista falecido em um incêndio florestal na Terra Indígena Capoto Jarina. A homenagem simbolizou o luto e o compromisso contínuo de aprimorar as práticas de manejo do fogo para evitar novas perdas de vidas.

Um território histórico

O Xingu, considerado um dos maiores blocos de floresta protegida da Amazônia, é muito mais do que um território indígena, – é um pulmão verde essencial para o equilíbrio climático e um centro vivo de cultura e conhecimento. Criado a partir dos esforços dos irmãos Villas-Bôas e de expedições na década de 1940, o parque se tornou um marco da política indigenista e da luta pela conservação.

Os Diálogos Itinerantes reafirmam essa herança: um projeto que transforma prevenção em parceria, ciência em escuta e combate em colaboração. Para o Ibama e para os povos do Xingu, é um lembrete de que proteger a floresta é, antes de tudo, cuidar das pessoas que a mantêm viva.

joaofreitas

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