Cidades

Telefonemas e visitas domiciliares reduzem abandono de tratamento de HIV

Além das consultas bimestrais, que são acompanhadas por exames clínicos e laboratoriais, os pacientes em tratamento precisam ir ao centro de saúde uma vez por mês para receber os medicamentos. Muitos, no entanto, deixam de aparecer. Os médicos reconhecem que o tratamento ocasiona diferentes efeitos colaterais e, como é muito longo, desanimam muitas pessoas. Outros pacientes têm problemas de alcoolismo e são usuários de drogas.

“Quem tem HIV faz tratamento o resto da vida. O acompanhamento é que determina a suspensão ou não de alguma medicação, a intensidade dessa medicação, os efeitos. Muitos pacientes não têm sintomas e acreditam que estão curados. Ainda tem muita gente que não entende a doença”, afirma João Terra Filho, diretor de Centro de Saúde Escola da FMRP.

Segundo ele, o procedimento de busca ativa dos pacientes faltosos é essencial, mas ainda não muito aplicado. Ele ressalta que essa é uma recomendação dos protocolos de atendimento. Mas precisa de comprometimento e esforço da equipe para ser executado cotidianamente e de forma eficiente. O centro conta com o apoio de sete pessoas, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêutico, visitadora sanitária e estudante.

“A situação não é a ideal, mas temos conseguido sucesso por conta do engajamento, abnegação, trabalho e preocupação das pessoas”, destaca o médico, que é professor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão. Os resultados obtidos pelo programa são comemorados pela equipe e já foram apresentados em fóruns de saúde. A equipe construiu uma planilha sobre a frequência dos pacientes às consultas e passou a compará-la ao controle de entrega de medicamentos.

Queda de 55%
A primeira experiência de busca ativa sistemática ocorreu entre janeiro e julho do ano passado. À época, 366 pacientes com HIV estavam cadastrados no atendimento do Ambulatório de Moléstias Infecciosas do Centro de Saúde Escola. Desse total, 62 foram identificados como faltosos. Após a intervenção da equipe do ambulatório, 34 retornaram ao tratamento (55%).

Em fevereiro deste ano, havia 395 pacientes em atendimento, dos quais 31 faltosos. Parte já retornou ao tratamento. “A gente não deixa o tempo passar. Os pacientes assinam um termo de consentimento quando começam o tratamento aqui para serem contatados quando necessário. Apenas alguns não assinam. E a gente não desiste”, comenta a técnica em enfermagem Shirlei Aparecida Vitor, uma das trabalhadoras que atua no projeto.

Terra Filho diz que estabelecer uma relação de confiança com o paciente é muito importante para o sucesso do tratamento. “É preciso conhecer bem a doença e o paciente. Conhecer a condição social dele, a família, também é importante para o tratamento”, afirma. Nesse sentido, o médico acredita que as visitas domiciliares ajudam bastante.

Shirlei lembra que, nesse tipo de tratamento, os pacientes também precisam superar as barreiras do preconceito, que contribuem para as faltas às consultas e o abandono do tratamento. Além disso, é importante oferecer facilidades de serviço, como transporte gratuito e, muitas vezes, dependendo da condição do paciente, atendimento em casa mesmo. “Agora, estamos planejando montar um grupo de apoio entre os pacientes”, conta a técnica.

IG

Redação

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