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Puxada pelo setor agropecuário, ‘prévia do PIB’ cai 0,10% em junho

A economia brasileira dá sinais de desaceleração, refletindo um ajuste em setores que até então estavam em forte crescimento, como o agropecuário. Isso é o que mostrou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de junho, segundo os economistas consultados pelo Estadão. A maioria dos analistas atribui essa moderação do crescimento ao impacto de uma política monetária restritiva, que visa controlar a inflação, mas também inibe o crédito e o consumo.

Em junho, o IBC-Br, índice que representa uma prévia do PIB, caiu 0,10% na comparação mensal com ajuste sazonal, contrariando a expectativa de alta de 0,05% apontada na pesquisa Projeções Broadcast, e próximo ao piso de -0,20%, com teto de 0,40%. Na comparação anual, o índice subiu 1,4%, superando a mediana das projeções de 1,25%. As estimativas do mercado iam de 0,70% a 2,80%.

O indicador da agropecuária mostrou melhora no comparativo mensal, mas puxou o índice para baixo com uma queda de 2,3% em junho, ante 4,25% em maio. Na comparação com junho de 2024, desacelerou a alta, fechando em 5% em junho, após ter crescido 8,43% em maio.

Analistas

Segundo a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, sob a ótica macroeconômica, os números apontam para uma economia em fase de “transição”. “O contraste entre a dinâmica mensal e a anual ilustra um ciclo de crescimento mais moderado, condicionado por fatores internos de demanda e externos de oferta”, diz ela.

Essa desaceleração dos setores sensíveis ao ciclo econômico, para o economista da XP Rodolfo Margato, é parte da estratégia monetária contracionista. “A maior parte dos setores perdeu fôlego recentemente”, diz ele, destacando que o setor primário, incluindo a agropecuária, ainda impulsiona o crescimento no curto prazo.

Além disso, essa retração no agro, segundo Leonardo Costa, economista do ASA, ainda está “na ressaca de um primeiro trimestre muito forte”. Este cenário influenciou na revisão da previsão do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2025 de 0,4% para 0,3%.

Entretanto, alguns analistas, como André Valério, do Inter, minimizaram a extensão do recuo do IBC-Br, argumentando que ele foi “puxado principalmente pelo agro”. O Inter estima um crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre e acredita que “a atividade continue perdendo força ao longo do segundo semestre”.

Revisão para baixo

Rafael Perez, economista da Suno Research, revisou a previsão de crescimento do PIB para 2025 de 2,4% para 2,3% após o IBC-Br de junho. Perez cita que “o recuo no mês foi influenciado, principalmente, pela retração do IBC-Br Agropecuária”.

Já o Santander alertou para riscos adicionais ao PIB, como o tarifaço promovido pelo governo dos Estados Unidos, que pode afetar o crescimento econômico. O banco mantém, entretanto, sua previsão de crescimento de 2,0% para o PIB de 2025.

Estadão Conteudo

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