A balança comercial brasileira deve registrar um superávit de cerca de US$ 62 bilhões em 2025, “caso não surjam novas surpresas”, como possíveis sanções adicionais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas trocas comerciais com o Brasil, previu o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
A FGV lembra que o tarifaço de Trump teve início em agosto para 94 países, mas que a China ganhou mais 90 dias para negociações.
“Para o Brasil, os canais para iniciar negociações continuam difíceis e o governo lançou um programa voltado em especial para as pequenas e médias empresas”, avalia o relatório do Icomex. “Além disso, o governo continuará empenhado em abrir negociações, procurar mercados, fechar novos acordos comerciais e manter o seu compromisso com o multilateralismo.”
O Icomex calcula que os 30 principais produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos explicaram 65,3% da pauta bilateral de janeiro a julho de 2025, mas representam apenas 7,8% da pauta total das exportações brasileiras. Desses 30 produtos, 18 não têm isenções, sendo que 14 deles têm os Estados Unidos como compradores de uma fatia entre 29,7% a 96,1% das vendas externas totais.
A FGV avalia o auxílio do governo às empresas brasileiras diante do tarifaço como um instrumento temporário bem-vindo, mas alerta ser necessário avaliar “caso a caso para que os recursos sejam direcionados para aqueles que estarão mais expostos aos efeitos negativos”.
“A realização de acordos que promovam a abertura de mercados entre os países para isolarem o ímpeto do tarifaço de Trump seria uma diretriz interessante, mas, ao que parece, a estratégia de Trump de privilegiar acordos bilaterais, divide e dificulta a cooperação de negociações de abertura multilaterais. Na agenda bilateral Brasil-Estados Unidos, questões políticas são inegociáveis. No entanto, pensar diretrizes de aberturas e concessões comerciais que possam atender os interesses da agenda de aumento da produtividade não deve ser descartada. Para isso, é necessário antes que se construa internamente a identificação dos interesses nacionais levando em conta essa perspectiva”, declarou o relatório do Icomex.
A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 7,1 bilhões em julho, ante um resultado de US$ 7,6 bilhões em julho de 2024. No acumulado de janeiro a julho, o superávit alcançou US$ 37 bilhões em 2025, ante US$ 49,1 bilhões no mesmo período de 2024.
“A corrente de comércio aumentou, seja na comparação mensal, um acréscimo de US$ 3,4 bilhões, seja no acumulado até julho, de US$ 12,5 bilhões. A piora no saldo acumulado é explicada pelo maior dinamismo das importações em relação às exportações”, esclareceu a FGV.
O valor das importações cresceu 8,4% em julho de 2025 ante julho de 2024, enquanto o das exportações aumentou 4,8%. No acumulado do ano, houve aumento de 8,3% nas importações, e de 0,1% nas exportações, ante o mesmo período do ano anterior.