O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso desde novembro por suspeita de corromper assessores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O empresário irá cumprir prisão domiciliar em sua residência em Primavera do Leste (234 km de Cuiabá), usando tornozeleira eletrônica.
A decisão acolhe pedido da defesa, que relatou agravamento no estado de saúde de Andreson durante os quase oito meses de prisão. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também se manifestou a favor da soltura.
O caso ganhou repercussão em Mato Grosso após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá. A apreensão do celular da vítima revelou diálogos com desembargadores, o que levou o Ministério Público a encaminhar o conteúdo ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A partir disso, o CNJ identificou suspeitas de compra de sentenças judiciais e uma relação próxima entre Zampieri e o lobista Andreson.
As conversas indicavam que Andreson teria acesso antecipado a minutas de decisões do STJ e pagava assessores de ministros em troca de sentenças favoráveis. Com base nesses indícios, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sisamnes e descobriu, por exemplo, uma transferência de R$ 4 milhões de uma empresa ligada ao lobista a um servidor do STJ.
Apesar dos indícios, o inquérito — que está na fase final — não encontrou até o momento conexões diretas entre Andreson e os ministros do STJ. Segundo o Estadão, vínculos mais próximos com membros da Corte surgiram em outra frente da investigação, envolvendo o empresário Haroldo Augusto Filho, que mantinha contato com filhas de ministros e chegou a ceder um avião para um magistrado.