Cidades

Submetidos ao estresse do trânsito, 90% dos motoristas deixam profissão

 
Entre os 10% dos motoristas que permanecem, o relato é sempre relacionado aos passageiros que agem de má-fé para não pagar a passagem e com isso causam tumulto no transporte coletivo. E ainda há o problema com os estudantes que desrespeitam tanto os motoristas quanto outros passageiros.
 
Para o motorista Paulo Pereira, que há 15 anos trabalha nessa área, os estudantes são os que mais causam transtorno e sempre o motorista tem que ficar quieto se não quiser ter problemas maiores.
 
“Os motoristas não têm voz. Nós somos ofendidos e não podemos responder porque depois ainda corremos o risco de sermos processados. Não existe nenhuma lei que nos defenda, mesmo tendo imagens da câmera dentro do ônibus. Com isso, vejo muitos colegas pedindo licença médica e até demissão”, desabafa Pereira.
 
O motorista diz que para manter a calma procura ter contato com os passageiros e ignorar situações complicadas, mas esse modo de agir foi conquistado com o tempo de profissão. “Os motoristas que permanecem na profissão são os mais antigos, porém os mais novos não aguentam muito tempo e trocam de emprego”, diz Paulo.
 
Outro profissional que também se diz cansado e estressado da rotina do trabalho é Guilherme Santana, que já foi cobrador e hoje está atrás do volante. “Alguns dos nossos colegas são agredidos fisicamente até por meninas, e mais recentemente outro está internado no hospital por ter apanhado de policial. Como somos trabalhadores simples, ninguém se importa e com isso a situação não muda”, relata Santana.
 
Muitos profissionais reclamam dos insultos sofridos de passageiros - Foto: Pedro Alves
 
Passageiros irritados, motoristas estressados
 
A falta de sensibilidade dos passageiros e a própria deficiência do sistema de transporte coletivo são apontados como os principais motivos que levam os usuários a ofender os motoristas. Por conta disto é cada vez mais baixo o número de pessoas que querem seguir a profissão e maior a quantidade de profissionais que pedem licença médica.
 
Segundo Ledevino Conceição, presidente do Sindicato dos Motoristas Profissionais e Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestre de Cuiabá e Região (STETTCR), está se tornando comum a quantidade dos que pedem licença.
 
“O motorista passa por uma tensão enorme durante sua jornada de trabalho, pois ele é responsável por várias vidas, tanto dos passageiros como dos outros motoristas, e qualquer erro é fatal. E atrelado a isso tem o transtorno de alguns passageiros, incluindo os estudantes, que não respeitam esse profissional”, diz Ledevino.
 
 

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.