Mix diário

Índia torna ABS obrigatório em veículos automotores de 2 rodas

Para tentar reduzir o número de acidentes de trânsito, o Ministério dos Transportes da Índia tornou o freio ABS (Anti-lock Braking System, na sigla em inglês, ou Sistema de Freio Antibloqueio) obrigatório em todos os veículos motorizados de duas rodas. A regra exige que ciclomotores, scooters e motocicletas, independentemente da capacidade cúbica do motor, produzidos a partir de janeiro de 2026, tenham sistema antitravamento de freio ao menos na roda dianteira.

Até agora, a legislação indiana obrigava a presença de ABS de canal único apenas nos veículos de duas rodas com motor acima de 125 cm³. Além da obrigatoriedade do ABS, o governo indiano quer exigir que as concessionárias ofereçam dois capacetes no momento da venda de qualquer veículo motorizado de duas rodas.

A nova regra supera as exigências da legislação brasileira e até mesmo da Europa (veja abaixo). No Brasil, desde 2019 apenas as motocicletas com motor de cilindrada igual ou superior a 300 cm³ precisam ter ABS nas duas rodas. Já os modelos com motor abaixo dessa cilindrada podem ter freios antibloqueio (ABS) e/ou frenagem combinada (CBS).

Acidentes

A nova lei visa mitigar as principais causas de mortes no trânsito, especialmente entre motociclistas. Segundo dados do Ministério dos Transportes da Índia, um grande número de acidentes com veículos de duas rodas envolve derrapagens devido à frenagem incorreta. Outra grande causa de mortes são ferimentos na cabeça de vítimas de acidentes.

Embora a medida seja bem recebida por especialistas em segurança no trânsito, algumas fabricantes demonstraram preocupações sobre os impactos no custo de modelos de entrada. Segundo a Associação de Fabricantes Indianos de Veículos, os modelos de duas rodas com motores de cilindrada igual ou inferior a 125 cm³ representam quase 80% das mais de 19 milhões de motocicletas vendidas no país.

Grandes fabricantes, como Hero, Honda, TVS, Bajaj e Suzuki, têm várias motos na categoria de 125 cm³. Todas terão de receber atualizações para atender a nova regra.

Analistas estimam que para atender a medida os preços de veículos básicos motorizado de duas rodas vão subir entre 2,5 mil e 5 mil rupias indianas, equivalentes a cerca de R$ 160 a R$ 300. Como isso, as fabricantes temem redução da demanda em um segmento muito sensível a preços.

Salva-vidas

No entanto, as autoridades indianas acreditam que os benefícios em termos de vidas salvas e redução de ferimentos superam muito a preocupação mercadológica. Afinal, o ABS é essencial para a segurança, independentemente do tipo de veículo.

O sistema evita o travamento das rodas durante frenagens bruscas e/ou de emergência. Ao regular a pressão do freio, o ABS permite que o condutor mantenha maior controle do veículo, o que reduz de forma significativa as chances de derrapagem ou perda de estabilidade, sobretudo sobre superfícies escorregadias, como asfalto molhado, por exemplo.

A tecnologia também pode reduzir a distância de frenagem na comparação com veículos sem ABS, o que pode ser vital para a prevenção de acidentes. Estudos sugerem que a presença do sistema em motocicletas pode diminuir os riscos de acidentes de trânsito entre 35% e 45%.

A Índia é o maior mercado de motocicletas do mundo com 19,6 milhões de unidades vendidas no ano fiscal encerrado em março. A nova regra pode interferir também nos produtos vendidos em outros países, como o Brasil.

Além das marcas indianas, como Bajaj e Royal Enfield, que oferecem produtos no mercado brasileiro, gigantes como Honda e Yamaha compartilham parte do desenvolvimento de alguns modelos com o mercado indiano.

Estadão Conteudo

About Author

Deixar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Você também pode se interessar

Mix diário

Brasil defende reforma da OMC e apoia sistema multilateral justo e eficaz, diz Alckmin

O Brasil voltou a defender a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) em um fórum internacional. Desta vez, o
Mix diário

Inflação global continua a cair, mas ainda precisa atingir meta, diz diretora-gerente do FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva disse que a inflação global continua a cair, mas que deve