A partir desta quinta-feira (24), uma comissão de sindicância formada por três profissionais da instituição ouvirá os acusados apontados pelo relatório.Eles serão convocados e podem comparecer com seus respectivos advogados na instituição, disse o diretor geral da Famerp, Dulcimar Donizete de Souza, durante entrevista coletiva.
O diretor não confirma quantos homens e mulheres fazem parte deste grupo, mas o G1 apurou que pelos menos quatro alunas estariam na relação dos nomes.Os alunos [calouros] disseram que houve banhos com cerveja gelada, ameaças, empurrões e humilhações verbais e físicas. Alunas tiveram de comer alho cru e todos foram forçados a beber cervejas, disse o diretor geral da Famerp.
O prazo para o resultado da comissão é de 10 dias úteis.Os alunos podem ser advertidos, suspensos ou até expulsos. Tudo vai depender da apuração e comprovação da participação deles no trote, afirma Souza.O diretor geral da Famerp disse durante a coletiva à imprensa que repudia esse tipo de trote e que consta no estatuto interno da faculdade a proibição desse tipo de atitude.Fizemos reuniões com todos os alunos e deixamos claro que é proibido por lei trotes aos diretórios acadêmicos dos cursos de enfermagem e medicina, disse ele.
Souza disse que conversou com Luiz Henrique antes da coletiva e que novamente o estudante reforçou que não voltará a estudar na Famerp com medo de represálias.Ele já está até fazendo outro cursinho em Contagem, afirma o diretor.Dulcimar lamentou ainda que não existam meios legais para a transferência de Luiz Henrique para outra faculdade.Em nenhum momento fui contra ou a favor da transferência dele. Apenas não tem como fazer isso legalmente. Se fosse ele, voltaria a estudar porque ele disse que era um sonho cursar medicina em Rio Preto, disse.
Como foi
O estudante de 22 anos abandonou a faculdade depois de sofrer um violento trote durante uma festa de boas vindas. Ele registrou um boletim de ocorrência após as agressões e ameaças.
Segundo informações do boletim de ocorrência, o estudante estava em uma festa organizada pelos veteranos em uma chácara. O evento, que teria a duração de três dias, começou no dia 18 de março e iria até o dia 20. No primeiro dia, o estudante afirma que foi obrigado a fica de joelhos e carregar 10 garrafas de cerveja, que foram jogadas em sua cabeça por outros alunos. O estudante ainda teria sido agredido com tapas e chutes, além de receber agressões de alunos que batiam com garrafas de cerveja em sua orelha.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, veteranos teriam urinado em cima dele, que acabou passando mal e desmaiou. Ele conta que acordou com a ajuda de outros alunos, também veteranos. No dia seguinte, ele voltou na festa e teria sido ameaçado de morte porque disse que iria contar o caso aos diretores da faculdade. Com medo, ele avisou a direção e voltou para a casa dos pais em Contagem (MG).
G1