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Saúde mental: Cuiabá tem aumento de 30% nos casos de suicídio no primeiro quadrimestre de 2025

Os desafios da saúde mental no estado e os números alarmantes de suicídios em Cuiabá e no Brasil foram tema de debate da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nesta terça-feira (24). A médica psiquiatra do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), Olicélia Poncioni, participou do encontro e trouxe um dado para ligar o sinal de alerta na saúde pública regional: somente no primeiro quadrimestre de 2025, o índice de pessoas que tiraram a própria vida saltou 30% no comparativo com o ano anterior.

“Se no ano passado os dados já eram alarmantes, este ano esse crescimento é assustador. Se continuar nesse ritmo, esse número vai dobrar em pouco tempo. É uma emergência de saúde pública”, alertou a especialista.

Poncioni destacou que entre 20% e 30% das consultas em serviços de emergência estão diretamente relacionadas à saúde mental, com aumento expressivo nos casos de depressão, ansiedade e transtornos psicóticos. Ela também lembrou que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 450 milhões de pessoas no mundo são acometidas por transtornos mentais, que representam 12,3% das causas de invalidez no planeta.

Ainda segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1 milhão de pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, o que significa uma morte a cada 40 segundos no mundo e uma a cada 45 minutos no Brasil, totalizando mais de 2.160 mortes por dia no país. A faixa etária de pessoas que cometem suicídios está entre 17 a 29 anos. As mulheres apresentam tentativas, mas os homens são os mais concretizam o ato.

A médica defendeu que o caminho para enfrentar esse cenário começa na atenção primária, ou seja, nos postos de saúde e nas unidades básicas de saúde dos bairros. “Se o paciente chega no postinho, fala com o agente de saúde e não encontra acolhimento ou atendimento adequado, ele não tem para onde ir. Muitos nem têm dinheiro para o transporte. É na saúde básica que começa a prevenção. Se a gente agir na base, com certeza teremos menos internações e menos emergências psiquiátricas no HMC”, afirmou.

Para Olicélia, o debate na ALMT é fundamental. “Se a Assembleia, que é nossa casa legislativa, não abrir os olhos para isso, quem vai? É daqui que saem as articulações com os governos estadual, federal e municipal. Por isso eu trouxe propostas e projetos de prevenção para que algum deputado abrace essa causa. Estamos lidando com vidas e é urgente”, reforçou.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Paulo Araújo (PP), reforçou a fala da médica e fez um alerta sobre a dificuldade de acesso a serviços especializados. “O que ela nos trouxe é gravíssimo. Estamos vivendo uma verdadeira pandemia de transtornos mentais, e o sistema não está preparado. Falta assistência básica, formação de profissionais, faltam psiquiatras tanto na rede pública quanto na privada. Isso é uma questão de saúde pública urgente. O Brasil não tem uma rede de saúde mental capaz de dar conta da demanda. Faltam Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e políticas públicas, precisamos agir rápido”, defendeu.

O parlamentar reforçou que o problema é global, mas que é possível começar a enfrentá-lo com ações concretas no estado. “A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo. No Brasil, é a cada 45 minutos. Esses números são devastadores. Estamos falando de pais, mães, filhos, jovens, idosos, famílias inteiras destruídas. Precisamos de políticas públicas consistentes, mais investimento e formação de profissionais na área da saúde mental”, concluiu.

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