Opinião

As vidas que não vivemos

Por Enrico Pierro

Entre escolhas e renúncias, somos também feitos daquilo que
deixamos pra trás

Todo mundo carrega uma mala invisível cheia de versões de si. Vidas que não aconteceram, escolhas que não foram feitas, caminhos que ficaram só no quase. A gente segue, mas de vez em quando olha pra trás e se pergunta: e se eu tivesse dito sim? E se eu tivesse ficado? E se eu tivesse ido?


Não é arrependimento, é curiosidade. É a sensação de que, em algum lugar do tempo, existe uma versão nossa vivendo outra história. E essa versão às vezes aparece em sonhos, em pensamentos aleatórios, em noites em que o sono não vem.


Tem uma vida que você não viveu porque teve medo. Outra que não viveu porque era o certo abrir mão. E tem aquela que você nem sabia que queria, até perceber que era tarde demais. Cada escolha nossa é também uma renúncia. E cada renúncia, uma vida que se desfaz antes mesmo de começar.


Mas isso não precisa ser motivo de tristeza. As vidas que não vivemos ajudam a moldar a pessoa que nos tornamos. É como se cada “não” que dissemos desenhasse, com precisão, o caminho que era pra ser nosso. E, se a gente olhar com cuidado, talvez perceba que nenhuma vida seria melhor, só diferente.


No fim, somos feitos tanto do que vivemos quanto do que deixamos de viver. E isso também é bonito, porque significa que, mesmo com os “e se”, ainda temos a chance de fazer valer a vida que escolhemos. Ou, quem sabe, recomeçar uma nova, enquanto ainda há tempo.

Fonte: @enricopierroofc

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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