Durante a semana, as discussões sobre o caso ocorreram especialmente sobre três pontos de discordância entre a gestante e os médicos, os ultimo afirmam que: por já ter realizado duas cesáreas esse parto também deveria ser, o bebê estaria em posição pélvica e a gestação alcançava 42 semanas. Dados contestados por Adelina e as manifestantes.
Como uma das coordenadoras do movimento, enfermeira Damaris Figueiredo, a autointitulada militante e ativista pró-humanização do nascimento opinou sobre o "Caso Adelir".
"Mulher tem que ter direito de escolha, muitos profissionais pautam as práticas em estudos obsoletos. a os estudos mais recentes dizem que é seguro o parto depois de cesárea, e é ainda mais indicado que a operação.
Os partos
A professora universitária Karine Krewer, 32 anos, assim como Adelir estava na 3º gestação tendo parido os dois primeiro filhos por meio de cesárea. A docente relata os partos.
"Eu tive meu primeiro bebê aos vinte e um anos, durante toda a gestação eu queria falar do parto, mas o médico evitava a conversa. Nas últimas semanas de gestação ele sugeriu a cesárea e quando fui ao hospital com contrações, ele apenas com estetoscópio afirmou que o bebe estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, na hora decidi pela cesárea", contou ela. Após a cirurgia Karine foi diagnosticada com depressão pós-parto.
Já na segunda gestação estava decidida pelo parto normal, mas após uma noite inteira de trabalho de parto com pouco evolução na dilatação, os médicos decidiram pela cesárea, "o mais difícil foi a critica que recebi deles por estar triste por não conseguir parir, e na sala de cirurgia, estava nua, sem acompanhante e com vinte médicos homens conversando me perguntando sobre o sentido das minhas tatuagens enquanto tinha contrações".
Na terceira gestação estava decidida pelo parto natural humanizado. Por isso, escolheu o único hospital público com uma sala com "adaptada" a essa escolha. Ela permaneceu neste local por cerca de 20 horas em trabalho de parto mas com evolução, porém deixou o espaço após várias solicitações pela sua saída, pois ocupava há muito tempo o espaço.
"O parto humanizado gasta a hotelaria do hospital, mas não traz lucro para este e alguém sempre tem que pagar. Ao chegar na unidade e pedir pelo parto humanizado a primeira coisa que o médico disse foi 'não faço parto na água', como se a escolha fosse dele e não minha, demorei mais de meia hora para conseguir o quarto humanizado, até que chegou o ultimato para eu sair. Na sala de parto coletivo me senti em uma zona de guerra, muitas mulheres sofrendo, gritando e sozinhas. Sem nenhum consentimento me aplicaram ocitocina para acelerar o parto e depois um enfermeiro puxou a minha barriga até o bebê sair".
As manifestantes levarão uma carta contra a violência obstetrícia ao Ministério Público do Estado na próxima segunda-feira (14).