O governo de São Paulo abriu, nesta quarta-feira, 30, consulta pública para a concessão do trem rápido que vai ligar a capital a Sorocaba, no interior paulista. É o primeiro passo para tirar do papel o projeto do Trem Intercidades Eixo Oeste, que deve criar uma nova opção de deslocamento de passageiros entre as duas regiões metropolitanas.
Atualmente, o transporte público entre São Paulo e a região de Sorocaba é exclusivamente rodoviário, por linhas regulares de ônibus.
A conexão ferroviária, que já existiu no passado, vai custar cerca de R$ 12 bilhões. O trajeto, de aproximadamente 100 quilômetros, deverá ser percorrido em 60 minutos. A expectativa é atender 50 mil passageiros por dia.
O prazo da consulta, em que pessoas físicas e jurídicas podem oferecer sugestões e contribuir para o projeto, vai até o dia 2 de junho. O formulário eletrônico para as contribuições está disponível no site da SPI.
O leilão está previsto para acontecer até o final deste ano. A data será marcada após o encerramento da consulta pública. A assinatura do contrato deve ocorrer em 2026.
O trem para Sorocaba vai operar a partir da Estação Água Branca, na capital, que passa por um processo de ampliação. As intervenções incluem a implantação de plataformas para atender às novas demandas, já que a estação atende também o TIC Eixo Norte, que liga São Paulo a Campinas, além do transporte local.
O projeto prevê duas modalidades de serviço. A primeira, um trem expresso, seguindo direto da estação Água Branca, na capital, à estação de Sorocaba. A outra, um serviço com paradas nas quatro estações intermediárias, em Carapicuíba, Amador Bueno, São Roque e Brigadeiro Tobias. As tarifas ainda serão definidas.
O trecho nos limites de Sorocaba seguirá o traçado da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), que passará por adaptações. Atualmente a linha férrea é usada por trens de carga. A antiga estação de Sorocaba, que ainda tem parte da estrutura original, de 1875, está deteriorada pela falta de uso e, caso seja a opção de embarque e desembarque na cidade, vai precisar de restauro.
Quando começar a operar, o trem representará uma economia de mais de 40% em relação ao trajeto de carro e de 50% na comparação com o transporte rodoviário por ônibus. O projeto inclui a modernização e construção de estações, a aquisição de nova frota e a integração com linhas de trens metropolitanos, metrô e o TIC Eixo Norte.
Com foco em acessibilidade e inclusão, o TIC Oeste contará com banheiros adaptados, espaços para crianças (creches e amamentação) e ações voltadas ao combate do assédio no transporte público.
O Eixo Oeste é o segundo Trem Intercidades a ser leiloado. Em maio de 2024, o governo paulista realizou a concessão do TIC Eixo Norte, que ligará São Paulo a Campinas. O leilão foi vencido pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos.
O contrato envolve investimentos de R$ 14,2 bilhões em 30 anos. O projeto prevê a modernização da ferrovia para a operação de trens de média velocidade.
Passado histórico
O transporte de passageiros por trens entre São Paulo e Sorocaba remonta ao final do século 19, quando foi inaugurado o trecho inicial da EFS ligando as duas cidades. O trem partia da Estação Júlio Prestes, na capital, e fazia o percurso em cerca de duas horas, parando em várias estações ao longo dos trilhos. A estação de Sorocaba foi ampliada em 1929.
Na década de 1940, com a eletrificação da linha, a ferrovia passou a operar trens elétricos. A linha férrea foi incorporada pela Fepasa em 1971 e, em 1998, com o fim da estatal, a concessionária Ferroban assumiu a operação e manteve os trens de passageiros até o início dos anos 2000. Em 2006, sob a gestão da America Latina Logística (ALL), a ferrovia passou a operar apenas com cargas.