Os moradores do Porto, um dos bairros mais antigo da capital mato-grossense, relembram os tempos das festas de santo e carnavais, dos barcos que atracavam à beira do rio e da amizade entre as famílias tradicionais.
Personagens, que nasceram e vivem no Porto há 80 anos, falam do carinho pela cidade que ao longo dos anos sofreu muitas mudanças. E citam desde a enchente de 1974, que marcou a mudança de muitas famílias para outras regiões da cidade, até a abertura de avenidas que apontava a modernização de uma Cuiabá caracterizada por ruas de paralelepípedo.
Descendente de libaneses, Olga José Marabac, 87 anos, mostra entre lágrimas a saudade dos tempos em que o Porto era realmente um porto, e que a liberdade e a amizade eram comuns na cuiabania.
“Não sabíamos o que era dormir de janela fechada, todos se conheciam e se respeitavam. Os jovens eram educados rigorosamente e não havia essa violência que há hoje. O Porto era muito bonito, mas os governantes foram abandonando nossa região ano após ano, e agora sei que vou morrer e não verei meu Porto bom de viver como foi um dia”, lamenta.
Não muito distante da cada de Olga vive Eurídice Pereira, 80 anos, mais conhecida como Baianinha, por causa da sua tradicional loja de produtos religiosos. A facilidade de lidar com o comércio ela herdou do pai, e depois repassou para os filhos. E foi lidando todos os dias com os clientes que Baianinha presenciou e participou de muitas mudanças na região. E hoje vê com bons olhos o crescimento da capital.
“Na minha juventude, minhas irmãs e eu participávamos de muitas festas, principalmente a tradicional lavagem de São Benedito, na beira do rio, e do carnaval. Cuiabá era uma cidade alegre e sempre com muitas festas”, lembra a ex-comerciante e agora aposentada.
Dos momentos mais saudosos vêm os coretos, com os músicos que deixam os passeios à beira do rio ainda mais românticos. “Era muito legal os músicos reunidos no Porto, e eles sempre tocavam o que pedíamos, e, escondidos dos pais, os casais namoravam à noite”, revela. sexlviv.com
Mas apesar de o tempo ter alterado muitos costumes e cenários marcantes, Baianinha vê com bons olhos essas mudanças em Cuiabá: “O Porto não é mais como antes, mas esse crescimento de Cuiabá tem sido muito bom, pois a cidade estava precisando”.
Leia o Panorama especial do aniversário de Cuiabá publicado na Edição 482 do Cirtuito Mato Grosso AQUI.