Os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) dizem respeito tanto a vítimas masculinas quanto femininas. Em 2003 houve 223 casos de estupro em Mato Grosso. Ao longo dos anos, esses números chegaram a cair, como em 2004 e 2005, que registraram 217 e 199 ocorrências, respectivamente. Depois desse período, no entanto, esses índices não pararam de subir, culminando com um aumento preocupante desse tipo de crime: em 2013, 1.390 pessoas foram estupradas no Estado.
O explosão de casos de estupro em Mato Grosso encontra ressonância num recente levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, divulgados no último dia 27 de março. O estudo revela que 58,5% das pessoas entrevistadas concordam totalmente ou parcialmente com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.
O dado acima ajuda a compreender o preconceito que acomete essas pessoas, além da lógica perversa de se culpar as vítimas. Porém, outro aspecto ainda mais chocante, também levantado nessa mesma pesquisa, mostra o quanto o Estado ainda está longe de oferecer às mulheres as condições de igualdade previstas na Constituição de 1988: 65,1% das pessoas concordam total ou parcialmente que ”mulheres que usam pouca roupa merecem ser atacadas”.
A pesquisa, no entanto, aponta dados antagônicos. A grande maioria – 76,4% das pessoas entrevistadas –, por exemplo, discorda totalmente da afirmação de que um “homem pode xingar ou gritar com sua própria mulher”. Além disso, quando perguntado se “homem que bate em mulher deve ir para cadeia”, mais de 78% das pessoas concordam totalmente com a afirmação.
Questionados, entretanto, se “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, 63% das pessoas responderam concordando total ou parcialmente com a afirmação.
De acordo com o mesmo estudo do Ipea, utilizando como base dados de 2011 do Ministério da Saúde, cerca de 88,5% das vítimas dos estupros eram mulheres. Mais da metade delas tinham menos de 13 anos e que, anualmente, mais de 527 mil pessoas são estupradas no Brasil.
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