O desenvolvimento deste robô começou nos Estados Unidos há mais de uma década. Recém-chegado ao Brasil, este é modelo mais moderno em robôs cirúrgicos e o primeiro em hospitais públicos paulistas.
A cirurgia robótica é uma evolução da laparoscopia, que já representou um grande avanço na medicina com o uso de uma câmera e a minimização dos cortes. Mas enquanto na laparoscopia os médicos visualizam uma imagem em duas dimensões em uma tela comum de TV, na cirurgia robótica o médico que opera o robô tem uma visão em 3D de altíssima definição.
"O robô faz numa tela enorme em 3D o que o seu olho só poderia fazer com microscópio", analisa Dr. Paulo Hoff, diretor / Icesp. "Ele permite ao cirurgião o controle da imagem para ver o que quiser naquele momento, sem depender de um terceiro indivíduo para mexer a câmera na laparoscopia", complementa William Nahas, urologista/ Fac. Medicina da USP.
Na laparoscopia o médico é quem segura as pinças e faz os movimentos dentro do corpo do paciente. Aqui o robô segura todas as ferramentas, mas é totalmente controlado por um cirurgião especialista em robótica.
Nós assistimos uma cirurgia de remoção de câncer de próstata e ficamos impressionados com a precisão dos movimentos dos braços do robô, que é capaz de pinçar, cortar, passar linha na agulha, costurar e até colocar o tumor dentro de um saquinho para que ele seja removido com segurança.
"O robô permite manipular tesouras, pinças, porta-agulhas em várias posições, de tal forma que reproduz mais ainda do que a capacidade das mãos", diz Nahas.
O robô ainda corrige possíveis desvios; por exemplo, se a mão humana pode tremer – a do robô não treme. Todas as ações dos braços do robô são controladas através deste console, que possui dois joysticks, seis pedais para controlar a câmera e um visor em três dimensões.
Segundo o cirurgião, além de garantir um procedimento mais preciso e menos invasivo, a cirurgia robótica tem diversas outras vantagens como um tempo menor de recuperação do paciente, consequentemente menor tempo de internação e maior rotatividade dos leitos e também uma menor perda de sangue.
Claro, para operar um robô como este em uma situação tão delicada, é preciso muito treinamento e uma destreza ímpar – repare na fluidez dos movimentos do cirurgião. Os movimentos das mãos dele representam imediatamente as ações dos braços do robô dentro do paciente. E se o doutor William disse que a cirurgia robótica é um videogame trazido para o mundo da medicina, o doutor Paulo acredita que os jovens que jogam videogame certamente serão melhores cirurgiões no futuro. Já existe treinamento para a manipulação desse tipo de robô no Brasil. Tudo começa em um simulador, em seguida, o novato começa a operar alguns animais e depois de apto pode realizar cirurgias em seres humanos.
A expectativa é que o equipamento beneficie mais de mil pacientes da instituição nos próximos três anos com procedimentos minimamente invasivos. Nos Estados Unidos, entre 70 e 80% das cirurgias de câncer de próstata são realizadas com o robô. Por aqui, o uso da cirurgia robótica dentro do Sistema Único de Saúde está em fase de análise, afinal, o programa três anos de uso e suporte ao robô custou 10 milhões de dólares.
"Depois nós vamos avaliar o resultado cirúrgico, a recuperação do paciente, eventuais problemas que possam ter acontecido com a cirurgia, o custo final dos tratamentos destes pacientes, além do tempo de hospitalização e sala cirúrgica. Já existem estudos, mas não na nossa realidade, e a cirurgia com o robô é realmente mais cara. Então, antes de a gente dizer se a tecnologia deve ou não ser adotada como um todo, nós precisamos ver qual é o resultado dela na nossa realidade", afirma Dr. Paulo Hoff.
Nessa fase de testes, as cirurgias com o robô vão ser realizadas em cinco diferentes especialidades oncológicas: urologia, ginecologia, cabeça e pescoço, aparelho digestivo e cirurgias do tórax.
Outra característica interessante do robô cirúrgico é que, na teoria (por enquanto), o cirurgião não precisa estar na mesma sala que o paciente para realizar a operação. O equipamento, assim como muita tecnologia que faz parte da nossa vida hoje em dia, foi desenvolvido com propósito militar, mas a latência da transmissão da informação ainda é um desafio a ser vencido.
"A ideia é permitir fazer a cirurgia de um local remoto, com o procedimento sendo feito num front de guerra ou algum lugar deste tipo", conta Nahas.
Hoje com quatro braços, outro estudo que existe para aprimorar o robô é substituir as pequenas quatro incisões por um acesso único.
"Você não precisa ter vários pontos na pele, mas sim um ponto único que permite lá dentro, através da tecnologia, abrir estes braços e fazer o procedimento", completa.
E você, o que acha do uso de um robô para a realização de cirurgias tão delicadas? Já tinha ouvido falar dessa novidade? Acesse olhardigital.com.br e deixe seu comentário e opinião… E se você é um jovem craque em videogame e gosta de medicina, que tal repensar seu futuro profissional?!…
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