Hakamada sofre de uma doença mental e não demonstrava qualquer expressão ao deixar a prisão em Tóquio. Ele foi recebido por sua irmã e por vários meios de comunicação.Horas antes, o Tribunal do distrito de Shizuoka, no centro do país, anunciou que analisaria as últimas provas de DNA apresentadas pela defesa, que acredita poder demonstrar que o homem é inocente do crime, ocorrido em junho de 1966. Hakamada, então um boxeador, foi acusado de apunhalar até a morte o dono de uma pequena fábrica de missô (pasta tradicional da culinária japonesa usada principalmente em uma sopa chamada missoshiru) onde trabalhava, a mulher dele e seus dois filhos, e depois incendiar a casa da família. O japonês foi condenado à pena de morte em 1968.
Ao decidir revisar o caso, o juiz responsável disse à agência de notícias Kyodo ser "injusto" manter o réu na prisão, ao considerar que "a possibilidade de sua inocência alcançou um grau considerável".
A emissora pública japonesa NHK, que retransmitiu ao vivo a saída de Hakamada da prisão, revelou que o condenado não recebe visitas há quase 4 anos por causa de seu delicado estado mental. Segundo um de seus advogados, quando ele foi avisado de que seria libertado, "pareceu entender, mas não expressou nenhuma alegria com a notícia".
Sempre se declarou inocente
Durante o julgamento e em todos os anos de prisão, Hakamada sempre se declarou inocente do crime. Várias organizações de direitos humanos denunciaram que a investigação sofreu vários tipos de irregularidades. O ex-boxeador disse ter sido coagido pela polícia a assinar uma confissão.
A Suprema Corte do Japão confirmou a sentença de morte em 1980, mesmo ano em que o réu entrou com um pedido de novo julgamento. Já o último recurso, feito por seus parentes, baseia-se em resultados de exames de DNA que revelam que as amostras de sangue recolhidas das roupas do assassino não correspondiam às de Hakamada.
O presidente do tribunal, Hiroaki Murayama, aceitou o argumento e afirmou que as mostras de roupa "não eram do acusado", abrindo assim a possibilidade de realmente ter havido manipulação de provas.
Esta é a sexta vez desde 1949 que um tribunal japonês decide reabrir um caso de condenado à morte. Entre os outros cinco acusados, quatro foram absolvidos.
G1