Os adolescentes têm idades entre 15 e 17 anos e vivem na periferia da cidade. Segundo o delegado Vitor Chab, eles também já são conhecidos da polícia por serem usuários de drogas e terem se envolvido em outras situações – um deles inclusive teria agredido um mendigo em outra praça da cidade recentemente. Todos foram identificados e localizados em suas casas pela polícia.
Segundo Chab, titular da delegacia em Tangará da Serra, o morador de rua morto nesta madrugada estava dormindo na Praça da Bíblia, centro da cidade, quando um grupo de cinco adolescentes chegou de carro. Dois deles atacaram o andarilho, espancando-o.
O crime
Logo o grupo todo se retirou, mas em seguida três deles retornaram ao local portando uma quantidade de álcool comprada em um posto de combustível. Uma menina de 15 anos jogou o combustível sobre o corpo do morador de rua enquanto uma outra menina de 17 anos assistia. Imediatamente, um menino de 16 anos riscou um fósforo e atirou-o contra o andarilho, cujo corpo foi tomado pelas chamas.
Toda essa situação foi visualizada pela polícia porque foi gravada por câmeras de segurança na praça e no posto de combustíveis. No vídeo, as duas meninas envolvidas aparecem com uniformes escolares. A gravação também chocou os policiais porque mostra o grupo de três adolescentes dando risada enquanto o morador de rua se debatia em chamas.
O ataque ocorreu por volta das 3h. A vítima chegou a ser socorrida por outros moradores de rua e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h.
“Chegamos lá e os outros andarilhos já tinham apagado o fogo. Ele estava consciente e dizia 'me ajuda, me ajuda'”, disse ao G1 a médica do Samu que atendeu a ocorrência, Ingrid Iara Rodrigues.
“Fizemos a sedação e uma hidratação intensa, mas ele não resistiu”, contou a socorrista. “Tentamos perguntar se ele tinha visto as pessoas que fizeram aquilo, mas ele só dizia que estava dormindo e reclamava de muita dor”, completou. Até a tarde deste sábado, a polícia não havia recebido nenhum familiar da vítima.
Justiça
Segundo o delegado Vitor Chab, que atuou no caso junto à Polícia Miltiar e ao lado da delegada plantonista Núbia Beatriz, a polícia se dedicou com afinco a deter os responsáveis pelo crime movida pelo sentimento de indignação. Ele mencionou que, após a apreensão, os adolescentes não deram qualquer justificativa para o crime, mostrando-se indiferentes quando interrogados.
Chab informou que todos os cinco devem ficar em poder da polícia até que a Justiça dê encaminhamento. “Adolescentes desse naipe não podem ficar no seio da sociedade”, declarou o delegado, aproveitando, porém, para desabafar que, no caso de menores de idade como eles, a lei brasileira ainda é muito ineficiente no sentido de assegurar a retirada desses indivíduos de circulação aplicando as devidas penalidades. Segundo a polícia, quem vendeu o combustível aos menores também pode vir a ser responsabilizado.
Os três diretamente envolvidos pela morte do morador de rua, argumentou Chab, devem responder por homicídio triplamente qualificado, mas as internações no Brasil – quando decretadas – em pouco contribuem para reverter o quadro de violência nas ruas, analisou o delegado.
Sejudh
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) – responsável por gerir o sistema penitenciário em Mato Grosso – informou que acompanha o caso de Tangará da Serra e que tomará todas as medidas de punição contra os responsáveis.
"Nenhum tipo de crime desta magnitude, que fere os direitos da pessoa humana, pode passar impune", defendeu a nota enviada pela assessoria de imprensa da secretaria.
Fonte: G1