A polarização política que cresceu no Brasil depois da disputa lula/Bolsonaro nunca esteve tão perto de esmorecer. Os ídolos que a despertaram e mantiveram estão em um momento de baixa e com viés de piorar.
O Lula, depois de dois anos de governo, enfrenta uma rejeição que não experimentou nos outros mandatos. Hoje, os que o reprovam são mais numerosos que os que o aclamam. Não sem razão: o déficit público aumenta, os alimentos ficam mais caros e a temida inflação começa a exibir sinais de retorno.
E como ele (o Lula) age? Faz discursos, cria enredos e aumenta o ritmo do que sabe fazer com maestria: distribuir um dinheiro público que não existe para tentar aumentar a popularidade e conseguir um quarto mandato.
Está desenvolvendo o “vale-gás” que atenderá milhões de pessoas; criando o “pé-de-meia”(programa voltado a distribuir dinheiro para estudantes) e eliminando o imposto de renda de quem ganha até cinco mil reais. Claro que estas ações são louváveis, desde que, claro, a União tenha dinheiro para bancá-las. Não é o caso do Brasil. Provavelmente os custos dessas benesses serão bancados com aumento da dívida da viúva, através da emissão de moeda e venda de títulos da dívida pública, que alimentarão a Selic e com ela o custo de rolagem da dívida pública.
Ao fim, com esse conjunto de ações, a inflação sairá do controle e os benefícios que os mais pobres ganharão serão confiscados pelo aumento desregulado do custo de vida.
Mas o Lula é bom de verbo. Em discurso recente, induz o povo a acreditar que o culpado do aumento dos preços dos derivados do petróleo são os intermediários e os varejistas, tentando eximir o governo da responsabilidade da volta da carestia. Informando que os produtos saem da Petrobrás por valores pequenos e que chegam ao consumidor por valores muito maiores, ele, da má-fé, finge ignorar que a cadeia de distribuição é assim mesmo, ou seja, a cada etapa adicionam-se despesas, impostos e lucros e os produtos vão encarecendo.
Não é só nos derivados do petróleo que ele cita, também nos alimentos é comum um produto agrícola triplicar de valor entre o que recebe o produtor rural e o que paga o consumidor no supermercado.
Mas o Presidente vai mais longe, diz que vai ter uma reunião com os atacadistas para conter as altas, fingindo não saber que o mercado tem sua dinâmica própria que combina diminuição ou aumento de produção, maior ou menor procura de produtos, intensificação ou retração das exportações e que não é influenciado por retórica vazia e pueril. Agora ele implicou com o ovo, de novo culpando os atacadistas e distribuidores pela disparada do preço.
O Lula perde apoio a cada dia e o Bolsonaro está impedido pela justiça. Não será o momento certo de darem lugar a novos líderes para despolarizar o País?
Claro que não seriam boas opções o influencer Pablo Marçal e o cantor Gusttavo Lima, ambos bem avaliados nas pesquisas. O primeiro já tem um problema: a justiça paulista cassou seus direitos políticos no último 21/02. Cabe recurso.
Renato de Paiva Pereira.
Foto Capa: Metrópoles/Divulgação