A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, vai para Roma na próxima semana para participar de uma reunião que definirá o presidente da Aliança Global de Combate à Fome. A agenda na Itália será entre os dias 10 e 12 de fevereiro. A primeira-dama foi convidada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que vai liderar a comitiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Semana que vem estaremos nessa agenda muito importante, eu e o ministro Wellington Dias, em Roma. 2025 vai ser um ano de muito trabalho, vamos mostrar um pouco dos resultados dos programas e das políticas sociais do governo do presidente Lula”, disse Janja, em nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
O objetivo da viagem de Janja e Dias é conquistar a presidência da aliança, que é um bloco multilateral formado por 142 membros entre países, instituições internacionais e organizações não governamentais (ONGs). A iniciativa foi lançada durante a última Cúpula de Líderes do G-20, realizada no Rio em novembro do ano passado.
Como mostrou o Estadão, Janja não exerce cargo no governo federal, mas conta com uma equipe “informal” que exerce funções de assessoria à primeira-dama e a acompanha em viagens ao exterior. O time de Janja conta com ao menos 12 pessoas e, desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), gastou mais de R$ 1,2 milhão em viagens, entre custos com translado e diárias.
Apesar de não possuir cargo formal no governo, Janja viaja acompanhada do aparato de segurança oficial do País, formado por policiais e delegados federais.
Uma das viagens internacionais de Janja ocorreu em julho do ano passado, em Paris, na França, para a abertura das Olimpíadas. A primeira-dama representou o governo brasileiro na cerimônia, uma prática que, embora comum entre outras nações, contraria a postura adotada por Lula em seus dois primeiros mandatos presidenciais. Na época, o Estadão mostrou que o governo pagou R$ 203,6 mil para custear a estadia da comitiva de Janja na capital francesa.
A Transparência Internacional, entidade especializada em acesso a informações públicas e combate à corrupção, criticou a resistência do governo federal em conceder informações sobre viagens da primeira-dama. “É público e notório que a primeira-dama está exercendo função pública, com intensa agenda de representação governamental e equipe de apoio”, afirmou a ONG.
O posicionamento da entidade veio à tona após o jornal O Globo mostrar que o governo federal, em repetidas ocasiões, negou a concessão de informações sobre Janja sob o argumento de que a primeira-dama não detém cargo formal.
Como mostrou o Estadão, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, resistiu a nomear Janja para um cargo oficial no governo. Durante os primeiros meses do terceiro mandato presidencial de Lula, a primeira-dama chegou a trabalhar no desenho de seu futuro gabinete.
No último dia 30, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação contra o governo Lula por suposta improbidade administrativa do Palácio do Planalto ao negar informações públicas sobre Janja. Essa não foi a única reação da oposição, já que a deputada federal Rosângela Moro (União-SP) protocolou um projeto de lei que enquadra cônjuges de presidentes, governadores e prefeitos no rol de autoridades sujeitas à obrigação de disponibilizar informações públicas. Se aprovada, a medida vai impactar diretamente os dados sobre Janja mantidos em sigilo.
Diante das críticas, Janja começou a divulgar, nesta segunda-feira, 3, os compromissos que tem previstos para o dia. O anúncio foi feito via stories em seu Instagram. De acordo com a assessoria de Janja, ela pretende seguir divulgando a agenda diariamente pelas redes sociais.