Inicialmente se faz necessário registrar que algumas das informações trazidas neste breve texto foram compiladas a partir de um excelente discurso do professor Natalino Ferreira Mendes, professor, funcionário publico, poeta, memorialista, cronista e historiador, que foi proferido por ocasião da comemoração dos 100 Anos da Loja Maçônica União e Força, onde mesmo não iniciado na Arte Real, por sua pena trouxe vários excertos importantes sobre a história da maçonaria em Cáceres naquela oportunidade.
De acordo com sua narrativa, o professor Lenine de Campos Póvoas, na sua obra “História Geral de Mato Grosso, volume 1, editora resenha, São Paulo, assentou que “antes do término da guerra da tríplice aliança não há notícias da existência de lojas maçônicas em Mato Grosso” e “diversos personagens que vieram ao nosso Estado, em cumprimento de missões políticas ou militares, pertenciam a organizações maçônicas existentes em outros pontos do país”.
Ainda segundo Lenine Póvoas, após 1º de março de 1870, quando do término da guerra da tríplice aliança muitos acontecimentos ocorreram na vida social do Estado de Mato Grosso e “a partir de 1871 várias lojas maçônicas foram fundadas, contribuindo para difundir por Mato Grosso, os ideais que empolgavam os seus integrantes”.
Lenine Povoas afirma que em 1880 teria se estabelecido em Cáceres a primeira loja maçônica chamada de Beneficência do Alto Paraguai, cuja fundação teve a atuação de Jose Dulce, que era maçom e comerciante na cidade. No entanto, sabe-se que foi somente em 3 de fevereiro de 1900 que a Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força veio a ser criada em solo cacerense sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil com breve constitutivo expedido em 1º de junho de 1900 e carta capitular expedida em 1º de maio de 1900.
Os fundadores dessa Oficina Maçônica foram os irmãos José Dulce (Grau 33), José Bernardino de Souza (Grau 18) João Viegas Muniz (Grau 18), Adolpho Jorge da Cunha (Grau 18), Duarte Bastos (Grau 18), José Maria Granja (Grau 18), João da Vila (Grau 18), Manoel Alves Ribeiro (Grau 18), Victório Manoel Deluqui (Grau 18), Vicente Pinto de Araújo (Grau 18), João Batista Corbelini (Grau 18), João Batista Minervino (Grau 3), Sebastião Bezerra (Grau 3) e Venâncio Jose da Silva (Grau 3).
A primeira diretoria da Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força foi composta pelo venerável mestre Joao da Vila (Grau 180, primeiro vigilante João Viegas Muniz (Grau 18), segundo vigilante Duarte Bastos (Grau 18), orador Tertuliano Pacheco (Grau 18), Venâncio José da Silva (Grau 3), tesoureiro José Maria Granja (Grau 18), mestre de cerimonias João Baptista Minervini (Grau 3), arquiteto João Batista Corbelini (Grau 18) e diácono Sebastião Bezerra (Grau 3).
No dia 16 de julho de 1907 houve o abatimento de suas colunas que somente foram reerguidas novamente em 13 de junho de 1943, tendo então a Loja Simbólica realizado a construção do seu tempo no ano de 1958, contribuindo para o desenvolvimento da maçonaria universal na região do rio Paraguai, em especial na cidade de Cáceres, praticando a beneficência e solidariedade de forma diuturna para minorar o sofrimento dos mais humildes e necessitados com acoes dos seus membros construtores sociais por uma humanidade mais fraterna.
Mesmo passando a Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força por um período de inatividade após a sua constituição, após o seu soerguimento prestou relevantes serviços a causa da difusão do conhecimento e da educação no município de São Luís de Cáceres, em especial no ano de 1947, quando o Instituto Onze de Março estava sob ameaça de encerrar suas atividades educacionais por carência de recursos financeiros.
O maçom Raimundo Cândido dos Reis, membro da Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força, fez forte campanha na imprensa para que a população cacerense lutasse pela manutenção e auxílio do Instituto Onze de Março e, com a proximidade do ano letivo, para evitar seu fechamento, conseguiu que a maçonaria arcasse com o valor necessário para a continuidade das atividades, até vir a ser encampado pelo ginásio estadual criado em 1948.
A luta pelo ginásio estadual também encontrou na maçonaria o suporte político para sua implantação efetiva, tendo o maçom e deputado estadual por Corumbá, doutor José Henrique Hastenreiter, apresentado o projeto de lei para criação do Ginásio Onze de Marco, cuja lei foi sancionada pelo governador, doutor Arnaldo Estevão de Figueiredo.
Anos mais tarde o deputado estadual Airton Reis, filho de Raimundo Cândido dos Reis, maçom que lutou bravamente pelo não fechamento do Instituto Onze de Marco, apresentou a proposta de criação do Instituto de Ensino Superior de Cáceres, posteriormente transformado na Universidade do Estado de Mato Grosso.
Mas não foram somente essas as contribuições da maçonaria para a educação na urbe cacerense. Destaca-se que no começo do século XX, mais precisamente no dia 1º de janeiro de 1907, quatro irmãs azuis francesas chegaram pelo rio Paraguai a São Luis de Cáceres para morar numa casinha humilde que mais tarde se transformou no Colégio Imaculada Conceição.
E o coronel Jose Dulce auxiliou as freiras da congregação azul que vierem criar um colégio feminino, criando a comissão auxiliadora do novo colégio, que teve também a participação como membro do major Vicente Pinto de Araújo, sendo ambos maçons da Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força como Jose Dulce.
Ainda, a Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força criou uma escola de primeiro grau para acolher o excedente de alunos fora da sala de aula, sendo denominada de Escola Estadual União e Força, que posteriormente também recebeu no mesmo prédio a Escola de segundo grau Raimundo Cândido dos Reis, homenagem ao grande maçom defensor da educação em Cáceres.
Na praça Rio Branco, no centro de Cáceres, esta colocada a escultura “o aprendiz na pedra bruta”, simbolizando um dos principais objetivos da maçonaria, que é o conhecimento, a educação e o estudo como forma de melhorar o homem e a sociedade em que vive. Afinal, como bem lembrado pelo professor Natalino Ferreira Mendes, no seu discurso comemorativo dos 100 Anos da Loja Maçônica União e Força, citando os antigos: “pelo conhecimento se torna a vontade sincera, o coração se concerta, cultiva-se a vida pessoal, regula-se a vida familiar, a vida nacional é ordenada e o mundo está em paz”.
Esses fragmentos da história mostram o quanto a Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força, como loja máter da maçonaria em São Luís de Cáceres, soube contribuir durante os últimos 125 anos para as transformações sociais, culturais e políticas na busca da melhoria da educação e propagação do conhecimento como forte alicerce do edifício social, devendo receber todos os encômios por sua atuação desinteressada em prol dos carentes e necessitados, bem como dos altos valores morais e éticos para melhoria da humanidade.
Consulta Bibliográfica
Ferreira Mendes, Natalino. Discurso alusivo aos 100 Anos de Fundação da Augusta Respeitável Sublime Loja Capitular União e Força, proferido em 3 de março de 2000.
Póvoas, Lenine de Campos. História Geral de Mato Grosso, volume 1, editora resenha, São Paulo.