O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, afirmou na terça-feira, 28, que o governo Lula não pode permitir que deportados dos EUA sofram tratamento semelhante ao recebido no voo de sexta-feira – que trouxe 88 brasileiros algemados – e cobrará condições mínimas para os repatriados. De acordo com ele, o avião utilizado pelo governo americano na viagem poderia ter sofrido “problemas mais graves”.
O voo tinha como destino Belo Horizonte, mas precisou fazer uma parada em Manaus, após a aeronave apresentar problemas. Ao desembarcarem na capital mineira, levados por uma aeronave da FAB, os brasileiros denunciaram maus-tratos de agentes americanos durante o voo até Manaus, além de calor e más condições do avião.
Segundo a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, o governo abrirá um posto de acolhimento humanitário no aeroporto de Confins, em Minas, para receber novos deportados. “Precisamos trabalhar para garantir que famílias não venham separadas e que esses passageiros tenham boas condições de água e alimentação”, afirmou a ministra.
Preparativo
As declarações foram dadas após reunião no Palácio do Planalto com o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Além de vários ministros, participaram o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
“O objetivo da reunião, além de transmitir ao presidente o que aconteceu, foi o de discutir formas de tratar o tema daqui em diante e de se discutir com as autoridades americanas que as deportações sejam feitas atendendo aos requisitos mínimos de dignidade, respeito aos direitos humanos, atenção necessária aos passageiros de uma viagem dessa extensão”, disse Vieira.
Ao lidar com a crise, na segunda-feira, o Brasil mostrou que não quer transformar a questão em um cabo de guerra com Donald Trump. Em reunião entre Lula e o chanceler brasileiro, foi decidida a cobrança de explicações sobre o que ocorreu no voo, mas em um tom cauteloso, para evitar confronto.
Protesto
O encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, foi chamado para que o governo brasileiro manifestasse seu protesto, já que o cargo de embaixador americano ainda não foi preenchido pelo novo governo dos EUA.