Uma das principais queixas é em relação à precariedade do banheiro disponível aos trabalhadores da obra. Os cerca de 190 profissionais dividem apenas um banheiro, com dez sanitários em condições precárias de uso, maior parte deles está entupido.
Existem reclamações também por conta da água servida aos trabalhadores e que é levada ao canteiro de obras em um caminhão pipa. Os profissionais alegam, no entanto, que não sabem a procedência da água e, segundo eles, a mesma água usada na obra, é utilizada para beber e para tomar banho. “Isso quando tem água, porque às vezes não temos o que beber, não tem para dar descarga nos banheiros”, afirma o carpinteiro Emerson de Souza.
O servente Carlos Souza ainda completa dizendo que está “com o corpo cheio de alergia, assim como outras pessoas aqui também estão por causa da água. Esses problemas acontecem desde que a obra teve início, mas de uns tempos pra cá eles só pioram”.
Os profissionais também se queixam da alimentação servida. Segundo eles, embora tenham uma jornada de trabalho das 7 às 19h, eles têm direito apenas ao café da manhã e almoço, ainda assim, em quantidade insuficiente.
O auxilio transporte é outro motivo de preocupação, já que a empresa estaria atrasando os pagamentos. “O que a gente está passando é uma situação humilhante. Quando eu fui pedir o passe, o engenheiro disse que era pra eu ‘dar meus pulos’. Tem gente qui que precisa ficar pedindo carona no ônibus para poder ir pra casa ou então ir á pé”, relata o ajudante Edson José.
Ameaças
Os trabalhadores dizem ainda sofrer constantes amaças de serem mandados embora, em decorrência das cobranças por melhorias nas condições de trabalho. Segundo o ajudante Valmir Medeiros da Silva, “não existe qualquer respeito por nós trabalhadores, as agressões verbais por parte dos engenheiros e representantes da empresa acontecem sempre”.
No que diz respeito ao pagamento de horas extras, os operários relatam que o final do expediente está sendo registrado às 16h nos cartões de ponto, mas todos continuam desempenhando suas funções até às 19h, sem o devido recebimento das horas extras trabalhadas. A empresa também não estaria depositando o FGTS.
Durante a paralisação realizada hoje, policiais militares e representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil (SINTRAICCCM) estiveram no local para tentar uma conversa com algum representante da empresa. A única informação repassada a eles é de que o salário dos trabalhadores, bem como o vale transporte será pago entre hoje e amanhã.
Os engenheiros não quiseram falar com a imprensa.
Denúncias
As irregularidades já haviam sido detectadas após denúncias dos trabalhadores, bem como uma vistoria realizada por membros do Sindicato ao canteiro de obras no dia 10 de fevereiro. No dia 24 do mesmo mês, uma documentação com as irregularidades foi encaminhada ao Ministério Público do Trabalho, à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), a Secopa e a Engeglobal – empresa que lidera o consórcio responsável pela obra.
Segundo o presidente do SINTRAICCCM, Joaquim Santana desde então, o Ministério do Trabalho não realizou nenhuma vistoria no local para constatar as denúncias.
Outro Lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) disse que está acompanhando a manifestação e que irá cobrar um posicionamento da empresa. Mas ainda assim, pontuou que a negociação fica a cargo da empresa e dos trabalhadores.
A reportagem também tentou entrar em contato o empresário Robério Garcia, proprietário da Engeglobal, mas as ligações não foram atendidas.
(Atualizada 11h12)