Esta semana, a reportagem do Diário fez um levantamento nas estatísticas da Polícia Civil desde 2005. Neste período, jamais houve uma começo de ano tão violento como agora. O único que se compara a 2014 em violência é 2008, quando aconteceram 71 assassinatos.
Dois episódios contribuíram ainda mais para o aumento da sensação de insegurança. Além de um latrocínio que terminou com a morte de uma atendente e um PM, a Polícia registrou uma chacina com cinco mortos.
Fevereiro foi muito violento, com 39 assassinatos. Os números, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, apontam que mais uma vez Várzea Grande supera Cuiabá. Foram 20 contra 19. A população de Cuiabá é cerca de 150% maior que a da cidade vizinha.
O primeiro bimestre também superou o mesmo período do ano passado em quase 50%, também com a contribuição de Várzea Grande, que não cedeu em números e homicídios. Janeiro e fevereiro de 2013 foram 51 assassinatos.
Em regra geral, a motivação dos crimes também não se alterou. A maioria tem envolvimento das vítimas com entorpecentes – usuário ou mesmo traficante.
Embora sem um número preciso, a maior parte das vítimas é de ex-presidiários, apontando para um acerto de contas. A lista de motivações se completa com vingança e crimes passionais (motivados por paixão).
O combate ao tráfico de drogas na Capital por parte da Polícia Militar está tão intenso nos últimos dois anos que a Delegacia de Repressão a Entorpecentes teve que aumentar o número de delegados para concluir os inquéritos. Além disso, o Tribunal de Justiça criou mais uma Vara Especializada em Delitos de Tóxicos. Com essas medidas, os números de homicídios comparativamente chegaram a cair entre 20 e 25%, mas tiveram um repique neste início de ano.
OUTRO LADO – Para o secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, os números levantados pelo Diário não refletem claramente a situação da segurança. Segundo ele, este começo de ano teve “situações anormais” e que fogem ao poder da polícia. “Não é bem o mais violento. Quando se começa a comparar, um ou outro delito destoa, mas no global são muitos delitos que deixaram de existir, os outros estão sob controle e os outros estão em resolução”.
Segundo Bustamante, o começo do ano teve muitos casos de homicídio em virtude de muitos “acertos de contas” entre criminosos, o que fugiria da capacidade da polícia de prever as situações. “Neste período de janeiro para cá, o índice de homicídios aumentou em razão de algumas coisas que são inexplicáveis: a violência na sociedade. Mas isto não é um fator de segurança pública, é um fator social. A segurança pública vai dar resposta à violência que vier”.
Conforme o secretário, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tem um índice de resolução de crimes acima da média nacional. “Queríamos elucidar mais, mas o volume está tão alto que estamos conseguindo os necessários”.
De acordo com Bustamante, a secretaria tem realizado um planejamento para diminuir as ocorrências. Uma das medidas foi a aquisição de equipamentos, que já irão auxiliar durante a Copa do Mundo e as eleições. Na última semana, a secretaria adquiriu R$ 9 milhões em equipamentos para o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil e agentes da fronteira.
Foram adquiridos 24 motos, sete vans que funcionam como delegacias móveis e duas vans contendo aparelhos de raio-x, que auxiliarão na revista de bagagens, 12 unidades de resgate e uma aeronave para o combate de incêndios florestais. Para o secretário, a forte atuação na fronteira também irá diminuir as ocorrências nos grandes centros urbanos.
Fonte: Diário de Cuiabá