Olinda Altomare Opinião

Cartas para Julieta

Cartas para Julieta, dirigido por Gary Winick, é um filme que combina romance, poesia e uma estética visual cativante. O longa é ambientado na deslumbrante região da Toscana, na Itália, um cenário que amplifica o tom romântico e encantador da narrativa.

O romance está no cerne de Cartas para Julieta.

A história gira em torno de Sophie (Amanda Seyfried), uma aspirante a escritora que descobre uma carta de amor perdida escrita décadas atrás. A busca por Claire (Vanessa Redgrave) e seu amor do passado, Lorenzo (Franco Nero), não apenas desencadeia uma jornada nostálgica, mas também simboliza a universalidade do amor atemporal. O filme celebra as conexões humanas, os encontros inesperados e as segundas chances na vida, utilizando diálogos carregados de doçura e emoção.

O tom poético é reforçado pela própria ideia das cartas deixadas para “Julieta”, representando o desejo de milhares de pessoas por amor, cura e respostas. O tema central do filme nos lembra que o amor verdadeiro é paciente, resiliente e, às vezes, encontra o caminho de volta, mesmo décadas depois.

Para a personagem Sophie, a busca pelo amor descrito nas cartas encontradas representa muito mais do que apenas um ato de curiosidade ou generosidade; é uma jornada de autodescoberta e uma redefinição de suas próprias percepções sobre o amor.

No início do filme, Sophie está em um relacionamento morno com Victor (Gael García Bernal), que parece mais focado em sua carreira de chef do que em nutrir um vínculo emocional profundo com ela. Essa dinâmica ressalta a insatisfação latente de Sophie com sua própria vida amorosa e seu desejo por algo mais significativo, algo verdadeiro e eterno.

Ao encontrar a carta de Claire, escrita décadas antes, Sophie é imediatamente tocada pela profundidade e sinceridade do sentimento expressado. Essa carta ressoa com sua própria aspiração por um amor que transcenda o tempo e os obstáculos. A decisão de responder à carta é quase um reflexo de seu desejo de acreditar que um amor tão poderoso é possível e que vale a pena ser buscado, não importa quanto tempo tenha passado.

A jornada para ajudar Claire a reencontrar Lorenzo acaba sendo também a jornada de Sophie para entender o que ela realmente quer no amor. Ao observar a determinação de Claire e testemunhar como um amor do passado ainda pode inspirar uma busca tão corajosa, Sophie começa a questionar as limitações e a superficialidade de seu próprio relacionamento.

Esse processo a transforma, ajudando-a a perceber que o amor verdadeiro exige coragem, vulnerabilidade e a disposição para seguir o coração, mesmo que isso signifique arriscar a estabilidade ou desafiar as convenções. A jornada culmina no florescimento de um romance genuíno entre Sophie e Charlie (Christopher Egan), neto de Claire, que surge como um contraponto à conexão fria e distante que ela tinha com Victor.

No final, a busca pelo amor descrito nas cartas é tanto um ato de retribuição ao passado quanto um farol para o futuro de Sophie. É através dessa busca que ela encontra não apenas um novo amor, mas também um novo senso de propósito e clareza sobre o tipo de vida e de relacionamento que deseja para si mesma.

A fotografia é uma das maiores virtudes do filme. A Toscana é explorada como um personagem próprio, com paisagens vastas, vinhedos, vilarejos charmosos e arquitetura histórica que evocam um sentimento de nostalgia e beleza atemporal. Cada cena parece uma pintura, com uma paleta de cores quentes e luz natural que transmite serenidade e romance.

A cinematografia é cuidadosamente projetada para destacar a conexão entre os personagens e o ambiente. As cenas ao pôr do sol e em campos floridos adicionam um toque de lirismo visual, complementando o tom emocional da narrativa.

 A escolha de filmar ao ar livre, utilizando as luzes suaves da manhã e do entardecer, dá ao filme uma qualidade quase etérea.

 Cartas para Julieta mantém uma narrativa simples, mas eficaz. A direção de Gary Winick é sensível e foca nos detalhes das emoções dos personagens, sendo a trilha sonora um outro ponto de destaque, com melodias suaves que reforçam os momentos de descoberta e romance.

A atuação de Amanda Seyfried e Vanessa Redgrave é um dos pontos altos, com Seyfried capturando a inocência e curiosidade de Sophie, enquanto Redgrave traz profundidade e autenticidade à busca de Claire por seu amor perdido.

A edição do filme é fluida, mantendo o ritmo da narrativa sem pressa, permitindo que o espectador absorva a beleza das locações e a evolução dos relacionamentos dos personagens.

Cartas para Julieta é um filme que, embora siga uma fórmula clássica, se destaca por seu charme visual e pela maneira delicada com que trata do amor. O tom romântico e poético é reforçado por uma fotografia deslumbrante e uma trilha sonora envolvente. É uma obra que não apenas conta uma história de amor, mas também celebra a beleza da vida, das paisagens italianas e das conexões humanas.

 Ideal para os amantes de romances que buscam uma experiência cinematográfica leve, mas comovente.

Quem mais gosta de uma belo romance?

Foto: Reprodução

Olinda Altomare

About Author

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

1 Comentário

  1. Mauro

    6 de janeiro de 2025

    O comentário despertou curiosidade por assistir ao longa! Parabéns!!!

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