A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Rubens Villar Coelho, o Colômbia, foi indiciado como mandante. Segundo os investigadores, Colômbia “forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e atuou para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas”.
Apontado como um dos financiadores da pesca ilegal em terras indígenas no Vale Javari, no Amazonas, onde Bruno e Dom foram assassinados – em 5 de junho de 2022, na cidade de Atalaia do Norte -, Colômbia foi preso em flagrante ao apresentar documento falso aos policiais quando compareceu à delegacia da PF para “negar envolvimento” com o assassinato de Bruno e Dom.
Ao longo da investigação da PF, concluída na sexta-feira passada, após dois anos de diligências, outros oito investigados foram indiciados por crimes relacionados à execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres.
Os principais nomes são os de Amarildo da Costa Oliveira, “Pelado”, Jefferson da Silva Lima, “Pelado da Dinha”, e Oseney da Costa de Oliveira, “Dos Santos”, apontados como autores dos assassinatos.
Amarildo e Jefferson irão a júri popular em razão os dos homicídios. Com relação a “Dos Santos”, a Justiça de primeiro grau negou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, que recorreu ao Superior Tribunal de Justiça – que ainda vai decidir sobre o caso. Além deles, a PF indiciou mais cinco pessoas por crime relacionado à ocultação dos corpos.
Atuação
O relatório final do inquérito ressalta como motivação paras as mortes de Bruno e Dom o trabalho de fiscalização do indigenista na região do Vale do Javari e a forte atuação em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas.
A PF detalha como a investigação sobre os assassinatos revelou a “atuação da criminalidade organizada na região de Atalaia do Norte, ligada à pesca e à caça predatórias”. Os investigadores mapearam os impactos socioambientais da atuação da quadrilha, assim como ameaças aos servidores de proteção ambiental e às populações indígenas.
Na denúncia oferecida contra os supostos assassinos de Bruno e Dom, o MPF narrou que os tiros disparados pelos acusados eram destinados ao ex-servidor da Funai e que a morte do britânico se deu para “assegurar a impunidade de tal crime”. A Procuradoria indicou que a decisão de matar Bruno “decorreu do fato de a vítima ter tirado fotografia de Amarildo e de sua embarcação”, afirmando que era a “embarcação do invasor”. “Motivo fútil, portanto”, afirma a denúncia.