Um acidente envolvendo três veículos deixou nove mortos e dois feridos na noite na noite de domingo, 20, na BR-376, em Guaratuba, no Paraná. Entre as vítimas estão 7 adolescentes do Projeto Remar para o Futuro, assim como o treinador da equipe e o motorista da van. A colisão, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná, foi registrada por volta das 21h40, no sentido sul, no km 665.
Conforme a PRF, uma carreta, dirigida por um homem de 30 anos, que se feriu levemente, teria perdido os freios e colidido na traseira da van que levava os adolescentes. O veículo foi projetado à frente, batendo na traseira do automóvel conduzido por um homem, que estava sozinho e não se feriu. Em seguida, no entanto, a van rodou e a carreta a arrastou para fora da pista, tombando sobre ela. Entre as dez pessoas que estavam no veículo, somente uma sobreviveu: o adolescente João Milgarejo, de 17 anos.
SOBREVIVENTE
João participou da conquista da medalha de ouro no four skiff masculino, no sábado, com os companheiros Samuel Benites, Henry Fontoura e João Kerchiner, mortos no acidente, como outros quatro atletas. O Remar para o Futuro é um projeto ligado à prefeitura de Pelotas e o grupo representou o Clube Centro Português na competição por equipes na capital paulista, na raia olímpica da Universidade de São Paulo.
No chamado Campeonato Brasileiro Unificado, foram sete medalhas conquistadas na competição por equipes e o 6° lugar na classificação geral.
A van saiu de São Paulo com destino a Pelotas, no Rio Grande do Sul. Após o acidente, o adolescente resgatado com vida e o motorista da carreta foram encaminhados para o Hospital São José, em Joinville, cidade de Santa Catarina.
A mãe de Pedro, a técnica de enfermagem Gabriele Nolasco, viajou nesta segunda-feira, de Pelotas para Joinville, em busca do filho. Segundo ela, o jovem teve ferimentos em um olho e nas pernas. Ela conseguiu falar com o filho três horas após o acidente e recebeu a informação de que ele havia sido encaminhado para o hospital, mas estava bem. No momento em que falou com a mãe, o rapaz ainda não sabia da morte de todos os colegas.
João disse que não se lembrava do momento do acidente e que “acordou” em meio às ferragens. A mãe achou melhor não falar sobre a morte dos colegas naquele momento. No hospital, Pedro recebeu suporte de uma assistente social.
Colegas também lamentaram as mortes nas redes sociais. “Estamos todos no clube de remo onde realizávamos nossos treinos. Familiares e amigos estão desolados. A prefeitura está tomando as providências necessárias para que a parte prática seja feita toda sob custo deles”, disse Davi Perleberg Rubira, de 20 anos, ex-remador competitivo e membro da equipe técnica do projeto. “Havia a possibilidade de voltar com eles de van, pois eu estava em São Paulo para um evento acadêmico”, contou ao Estadão.
Morreram no acidente Samuel Benites Lopes, de 15 anos; Henri Fontoura Guimarães, de 15; João Pedro Kerchiner, de 17; Helen Belony, de 20; Nicole da Cruz, de 15; Angel Souto Vidal, de 16; Vitor Fernandes Camargo, de 17; Oguener Tissot (coordenador do grupo), de 43; e Ricardo Leal da Cunha (o motorista), de 52 anos.
INVESTIGAÇÃO
O motorista do caminhão que, segundo a polícia, provocou o acidente de trânsito deve ser indiciado por homicídio culposo (não intencional), informou a Polícia Civil ontem.
Ele recebeu alta pela manhã e era aguardado para prestar depoimento à Polícia Civil durante a tarde. Mas, até as 18h, não havia ido à delegacia e, se não comparecesse nas próximas horas, poderia ter a prisão decretada. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do motorista.
“O inquérito policial já foi devidamente instaurado pela Polícia Civil, inicialmente pela prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor. No entanto, estamos somente na fase inicial das investigações, uma série de diligências será realizada nos próximos dias para que a gente possa compreender a dinâmica do acidente”, disse o delegado Edgar Santana, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba.
