Um ataque do atirador Edson Fernando Crippa, de 45 anos, durou quase dez horas, mobilizou a polícia de Novo Hamburgo (RS), no Vale dos Sinos, e terminou com 3 mortos e 9 feridos. Ele disparou mais de cem vezes, antes de ser encontrado morto. Era do grupo de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), possuindo três registros para posse de armas na Polícia Federal e no Exército. Todas as armas estavam registradas e de acordo com a legislação.
A lei exige laudo psicológico para CACs, que ateste que a pessoa tem condições de adquirir uma arma. No entanto, Crippa tinha histórico de quatro internações por esquizofrenia – embora não tenha sido identificado se ocorreram antes ou depois do registro.
A AÇÃO. O ataque foi iniciado por volta das 23 horas de anteontem, em uma residência na Rua Adolfo Jaeger, e terminou só na manhã de ontem. Nesse período, ele manteve parentes sob cárcere privado e abriu fogo contra policiais. Os demais mortos são um PM, o pai e o irmão de Crippa.
As paredes da casa ficaram esburacadas com as marcas dos tiros. Partes da estrutura de madeira e até de metal foram danificadas por causa dos disparos. Ele também abateu dois drones usados pela Brigada Militar na tentativa inicial de abordagem.
A polícia foi acionada pelo 190 para uma ocorrência de violência familiar. O pai do atirador informou um desentendimento. Existia ainda denúncia de que um casal de idosos estaria sendo mantido em cárcere privado na própria residência. “Quando a Brigada chegou, ele (o atirador) entrou em surto e passou a disparar nos policiais”, disse o secretário de Segurança Pública, Sandro Caron de Moraes.
As residências de vizinhos foram evacuadas como medida de precaução. “Após tentativa de negociação, conversa, aproximação, em nenhum momento o suspeito foi receptivo. Conseguimos encontrar um número de telefone que seria o dele. Tentamos contato, mas também não foi possível falar com ele”, relatou o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3.º Batalhão de Polícia Militar de Novo Hamburgo. “Em todo momento em que se tentava interação, resolver a ocorrência da melhor forma possível, se começavam a ouvir disparos.”
Após horas de cerco, houve a invasão. Com Crippa havia duas pistolas, uma calibre 9 mm e uma calibre .380, e mais duas carabinas, além de 3 carregadores e farta munição.
FERIDOS
Entre os feridos, sete deles são agentes de segurança. Dois policiais militares, de 26 e 31 anos, estavam em situação grave na UTI ontem. E uma policial aguardava transferência para o Hospital da Brigada Militar.
A mãe do atirador, Cleris Crippa, de 70 anos, e a cunhada, Priscilla Martins, de 41, tiveram de passar por cirurgia. Elas estavam em uma unidade de terapia intensiva (UTI).