Enfim o Presidente Joe Biden desiste da candidatura à reeleição. Não o fez por estar
convencido de que já não tem as condições necessárias para exercer novo mandato,
mas, sim, por pressão dos colegas de partido e, principalmente, diante da fuga dos
doadores de campanha.
Partidários e financiadores começaram a perceber no Biden sinais de senilidade e
prever possível progresso dela durante os próximos quatro anos de comando da Casa
Branca.
Como a situação estava insustentável, o Presidente optou pela desistência e a
indicação da vice Kamala Harris para o seu lugar.
A lição que podemos extrair deste episódio é que o nosso Presidente, a exemplo do
colega americano, está obcecado pela reeleição, mesmo sabendo que quando
terminar o atual mandato já estará com a mesma idade que o Biden tem hoje.
Há sinais de senilidade do Lula? Ainda que fisicamente ele pareça bem, nota-se alguns
vacilos que podem ter origem no natural envelhecimento a que todos estamos
sujeitos. É o caso do discurso recente dele em uma plateia de mulheres no Palácio. Na
ocasião, falando sobre uma estatística recente que mostrava o aumento da
agressividade dos homens contra as mulheres nos momentos que sucediam a derrota
do time de futebol preferido, ele disse: “se for corintiano, tudo bem”. Claro que estava
fazendo uma piada, mas faltou discernimento para saber as consequências dela.
Em outro momento ele declarou que a Janja era a pessoa com quem mais discutia
política e economia. Não parece um daqueles casos que um ancião (sim, ele e eu
somos anciões) que cria dependência de esposas muito mais novas? No governo há
pessoas preparadas para auxiliar o Presidente com a expertise e vivência que a
primeira dama não tem.
Somente mais uma: a equipe de assessoramento reclama que ele abandona os
discursos que lhe são preparados para cada evento e fala de improviso, resultando em
gafes que a mídia repercute. Segundo o próprio Lula, a pedido da Janja (olha ela aí de
novo) vai agora evitar os improvisos.
Mas nada indica que ele e ela – a Janja – tenham alguma intenção de abandonar o
plano de ficar mais quatro anos no Palácio.
Lá nos Estados Unidos houve dois fatores que decidiram sobre o abandono da
candidatura. Um é a existência de um partido forte – no caso o Democrata. Outro é o
fato de a campanha ser tocada com recursos de doações privadas. Como o partido
abandonou Biden e os ricaços suspenderam as contribuições eleitorais, estava
inviabilizada a candidatura.
Aqui não temos estas mesmas condições; primeiro, no PT é o próprio Lula que manda
e desmanda. Segundo, a existência do fundo eleitoral dispensa as doações particulares
de campanha.
Seria ótimo que o Lula imitasse o Biden desistindo da reeleição. Aproveitaríamos para
rejuvenescer nossas lideranças políticas e testar se o povo quer continuar com a
esquerda – escolhendo o Haddad, por exemplo – ou reconduzir a direita ao poder,
quem sabe optando pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas.
Renato de Paiva Pereira.
Foto: Governo Federal