ELIANA BESS
Após 14 dias de angústias e incertezas, e quase perdendo as esperanças, o casal Wesley Amorim e Jocieli Marques Bretas finalmente reencontraram o ‘cãozinho’ da família. O animal, que saiu de casa no bairro CPA sem que os moradores percebessem, passou quatro dias perambulando pela região do CPA 3 até ser resgatado pela equipe da Secretaria Adjunta de Bem-Estar Animal, vinculada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e Sustentável. A cada vez que a equipe era acionada sobre o pitbull solto, o animal já não estava mais no local indicado. Finalmente, o resgate ocorreu, e na tarde da segunda-feira (22), o tão esperado reencontro com seu tutor foi marcado por muita emoção, carinho e alegria. O animal estava prestes a ser castrado e destinado à adoção na quinta-feira (25). A entrega foi realizada mediante documentação assinada, reafirmando a responsabilidade do tutor.
“Eu cheguei a pensar que alguém tinha pego ele para cruzar com fêmeas da mesma raça porque ele é um cachorro bonito e bem cuidado. Eu tinha perdido as esperanças, e foi graças à matéria publicada que conseguimos localizá-lo. Quando vi a matéria no site na sexta-feira (19), dei um grito de alívio. Para quem ama animais como eu, é como se fosse um membro da família”, relatou Wesley com emoção.
Atualmente, Chese, como é chamado, reina na casa. A família já teve outro animal de porte pequeno e havia decidido não adotar mais nenhum após a sua morte. “Mas, quando Chese chegou com 40 dias de vida, foi amor à primeira vista. Temos um menino de 11 anos, e todos nós nos apaixonamos por ele desde o primeiro olhar”, revelou Wesley.
A família reconhece que, por ele ser grande e não esconder a raça, causa receio nas pessoas. No entanto, segundo os tutores, o segredo está na forma como a raça é criada. No caso de Chese, sempre foi com amor, carinho e tranquilidade para que ele fosse dócil e não causasse problemas. A casa também tem pouca circulação de pessoas, já que todos trabalham fora.
Para o tutor, se a pessoa cria um pitbull para ser bravo, ele certamente será. “Nós o criamos com amor para ele ser dócil, assim como é. É mais um cão companheiro do que um cão de guarda”, explicou.
Sobre os dias sem o animal em casa, Wesley respondeu carregado de emoção. “Foi um vazio, a casa ficou vazia. Procurei por perto do meu comércio (uma padaria no CPA) e cheguei a incomodar duas residências porque ouvi latidos semelhantes ao do nosso cão, mas não era ele. Cada vez que descobria que não era, sentia uma frustração. Como ele não tem o hábito de andar na rua, pensei que poderia ter sido atropelado ou que alguém poderia ter feito mal a ele. Tínhamos mais medo do que poderiam fazer com ele do que o que ele faria com as pessoas. Quando soubemos que ele estava com a Bem-Estar Animal, a esperança voltou. Pensamos que, se estava em um órgão público, teríamos acesso ao animal novamente. Somos gratos pelos cuidados que ele recebeu”, afirmou Wesley.
Apesar das características típicas da raça, Chese, de aproximadamente dois anos e meio de idade, não apresentou agressividade e foi resgatado com tranquilidade pelos profissionais da Bem-Estar Animal, acostumados a esse tipo de trabalho.
O animal seria castrado e destinado à adoção. Por lei, animais resgatados só podem ser adotados após serem castrados e estarem saudáveis. No caso de Chese, não foi necessário ir para a clínica, pois estava em boas condições de saúde. Apenas foi vermifugado e vacinado como precaução.
“Ele é muito querido. Por dois dias não comeu direito porque a ração oferecida não era a mesma que ele comia na casa, mas desde o primeiro momento se mostrou afeiçoado ao Evandro e à equipe do resgate. Recebeu os cuidados e a atenção que todos os animais no canil recebem. É claro que nos apegamos aos bichinhos, mas nossa missão é proporcionar encontros ou reencontros como este”, disse a secretária-adjunta de Bem-Estar Animal, Tatiana Soares.
A equipe da BEA informou que, após o prazo legal de 10 dias sem que o animal resgatado seja reclamado pelo dono, ele seria castrado e disponibilizado para adoção. “Hoje, completa 10 dias desde a divulgação, e a castração estava marcada para quinta-feira (25)”, destacou Tatiana.
“Apesar de haver muitos animais abandonados na região do CPA, ninguém quer adotá-los porque não são de raça. Mas, quando aparece um bem cuidado, de raça, alguém se interessa. O que aconteceu conosco foi uma fatalidade. Não sabemos como ele saiu, mas o portão do meio pode ter fechado com o vento e ele acabou saindo. Foi um imprevisto e a divulgação da matéria ajudou muito. Outras pessoas podem passar pela mesma situação e perder a esperança”, concluiu o dono do animal.
“Sentiremos saudades, mas cumprimos nosso dever ao proporcionar o retorno do animal ao seu lar”, declarou a coordenadora de Educação e Combate aos Maus-Tratos da BEA, Ana Selmy.
A matéria sobre o desaparecimento do animal foi publicada no site Primeira Página.
Equipe Capacitada
A Bem-Estar Animal conta com quatro médicos veterinários altamente capacitados para o atendimento e para realizar relatórios técnicos como peritos veterinários sobre situações de maus-tratos com cães e gatos em Cuiabá, além de auxiliar a justiça na conclusão dos casos.
No mês passado, com o apoio do secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e Sustentável, Juares Samaniego, todos os profissionais veterinários passaram por mais um treinamento e aprimoramento profissional realizado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso. O curso de capacitação continuada e formação de perícia médica no Estado de Mato Grosso foi ministrado pelo doutor Daniel Viana, presidente da Associação Brasileira de Perícia Médica Veterinária, e pelas doutoras Aline Rodrigues, Elan Cardoso e Esther Espejo, marcando a primeira edição do evento.
Além da secretária-adjunta da BEA, Tatiana Soares, que é médica veterinária, participaram também a médica veterinária e coordenadora de Educação e Combate aos Maus-Tratos, Ana Selmy, e Daliny Silva, assessora técnica na Bem-Estar Animal e médica veterinária, assim como o médico veterinário Roberto Rodrigues.
Foto: Davi Valle
Fonte: Secom – mt